quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Capim Macio suporta até 120mm

Por Joana Lima/DN

O sistema de lagoas de captação que está em construção no bairro de Capim Macio, Zona Sul de Natal, suporta até 120 milímetros de chuva. A informação partiu do secretário municipal de Obras e Viação, Damião Pita. Segundo ele, a capacidade de 120 milímetros do sistema foi planejada de acordo com a média das chuvas ocorridas na capital nos últimos anos. Caso chova mais que isso, o sistema não aguenta. Só nas obras do bairro, foram gastos R$ 43 milhões.
‘‘Esse sistema suporta 120 milímetros. Era o que sempre tinha acontecido em Natal. O problema é que, da madrugada do dia 8 para o dia 9 de junho, tivemos 242 milímetros de chuvas. Na semana passada, tivemos 233 milímetros em 24 horas. Já vimos que teremos que mudar a regra, já que tivemos essa chuva diferente. Não tinha como esse sistema suportar’’, afirmou Pita.
Segundo o secretário da Semov, não há garantias de que o sistema suportará as chuvas futuramente. ‘‘As condições climáticas estão mudando, não só em natal como no mundo todo. Vemos inundações na Rússia, por exemplo. Então, não há como se dizer que teremos um sistema de drenagem que vá suportar as chuvas para sempre’’, disse.




DRENAGEM




No projeto de drenagem da Secretaria Municipal de Obras e Viação (Semov) para Capim Macio, está prevista a construção de cinco lagoas de captação. Até o momento, duas foram concluídas e outras duas obras encontram-se em andamento. Uma quinta lagoa ainda está em fase de negociação do terreno, no local onde era o Motel Tahiti, próximo da Av. Engenheiro Roberto Freire.
Além disso, 57 ruas do bairro foram saneadas e pavimentadas, num trabalho conjunto entre Semov e Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern), a primeira responsável pela parte de drenagem e pavimentação e a segunda com o esgotamento sanitário. Faltam 21 ruas serem concluídas.
Na Rua João Florêncio de Queiroz, onde residiam os moradores que prometem entrar com a ação contra o Município, há uma lagoa de captação pronta e outra em fase de conclusão da obra. Segundo Pita, o fato de uma das lagoas não estar concluída é o que ocasionou as inundações.
‘‘Até dezembro, o sistema deve fica pronto. Isso se não continuar chovendo da forma como está. Não estava nos nossos planos as chuvas de agosto. Já perdemos 13 dias desse mês. As obras foram retomadas num ritmo lento, porque não dá para trabalhar a parte do asfaltamento com chuva’’, explicou Pita.




Laudos vão embasar ação judicial




Segundo o advogado dos moradores que pretendem entrar com a ação contra o Município, Diogo Pignataro, a ação só poderá ser ajuizada após os laudos técnicos relativos aos estragos causados pelas inundações serem concluídos. ‘‘Não posso dar entrada numa ação sem ter uma documentação correta’’, afirmou. Além disso, ele explica que só terá a estimativa de quanto será pedido como indenização após os laudos serem concluídos.
Pignataro comenta ainda que a Prefeitura Municipal do Natal não entrou em contato com os moradores ou com ele buscando acordo, mas que pretende procurá-la administrativamente. ‘‘Se for possível entrar em um acordo, é melhor para todo mundo’’, disse.

Fonte: Diário de Natal, 14/08/2008.

Produção de biodiesel já é a terceira maior do mundo

A cadeia produtiva do biodiesel no Brasil se estruturou rapidamente e, apenas sete meses após a entrada em vigor da mistura obrigatória de biodiesel ao diesel, o País se destaca como terceiro maior produtor e consumidor desse combustível alternativo no mundo, atrás da Alemanha e dos Estados Unidos. A série “Brasil de Todas as Fontes” do Em Questão apresenta nesta edição os avanços obtidos com o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), lançado em 2004 pelo governo federal. O programa se baseia em três pilares: econômico (criação de uma nova indústria), social (inserção da agricultura familiar) e ambiental (captura de gases de efeito estufa).
Por meio de um marco regulatório estável e uma série de leilões de compra, a cadeia produtiva foi estruturada e o abastecimento do mercado, garantido. O Brasil conta hoje com 41 usinas em operação comercial e outras 52 unidades estão em processo de regularização na Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
A capacidade instalada da indústria é de 2,8 bilhões de litros — volume bem superior aos 1,3 bilhão de litros exigidos pela mistura de 3% de biodiesel ao diesel comercializado em todo o País. Mais de 65% das usinas detêm o Selo Combustível Social, as quais representam 95% da capacidade instalada. Concedido pelo Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA), o selo assegura benefícios fiscais para as unidades produtoras que compram matéria-prima da agricultura familiar.
Combinada com a agricultura empresarial (agronegócio), a participação da agricultura familiar é cada vez mais organizada e aproximadamente 100 mil famílias já produzem cerca de 20% de toda a matéria-prima entregue às usinas. Hoje, a cultura mais utilizada na produção de biodiesel no Brasil é a soja e a agricultura familiar responde por 25% da produção total dessa oleaginosa.
No aspecto ambiental, a mistura de 2%, ampliada para 3% em julho, garante um balanço muito mais sustentável na produção de combustíveis veiculares por conta da absorção de gases de efeito estufa na etapa agrícola, o que não ocorre com derivados de petróleo. Ou seja: o que o veículo emite na queima do combustível é anulado na fase do crescimento da planta quando ocorre a captura de gases de efeito estufa como o dióxido de carbono.

Histórico – O biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis e que pode ser obtido por diferentes processos industriais. No Brasil, as pesquisas sobre biodiesel tiveram início há quase meio século e, em 1980, o pesquisador da Universidade Federal do Ceará, Expedito Parente, registrou a primeira patente do processo industrial da transesterificação — transformação de óleo vegetal em biodiesel.
Em 2003, o biodiesel foi inserido na agenda de políticas públicas prioritárias do governo com a criação de um grupo de trabalho encarregado de apresentar estudos sobre a viabilidade do novo combustível. Em dezembro de 2004, o governo aprovou o plano de trabalho para implementação do programa, que estabeleceu as diretrizes para a organização da cadeia produtiva, definição das linhas de financiamento, estruturação da base tecnológica e edição do marco regulatório do novo combustível, lançado em janeiro de 2005. Como forma de organizar a produção e garantir o abastecimento gradativo do mercado, o governo promoveu nove leilões nos últimos dois anos e meio.
A partir de janeiro de 2008, todo o diesel comercializado no Brasil passou a ter, obrigatoriamente, 2% de biodiesel. Esse percentual foi ampliado para 3% em julho, o que reforçou ainda mais a participação de fontes limpas e renováveis na matriz brasileira de combustíveis. O programa prevê a ampliação da mistura para 5%, em 2013.



Mamona gera emprego e renda na região do semi-árido




O Brasil dispõe de diversas oleaginosas para a produção de biodiesel. Além de ser extraído de gordura animal, o combustível é derivado de óleos vegetais como os de soja, dendê (palma), girassol, babaçu, amendoim, mamona e pinhão manso. No semi-árido, a mamona representa uma oportunidade de geração de emprego e renda porque a planta é resistente ao clima seco e tem mercado diversificado e crescente.
O Nordeste concentra 93% da produção de mamona que é direcionada a diferentes segmentos como a indústria de cosméticos e lubrificantes, além de usinas de biodiesel. Cerca de 29 mil agricultores familiares da Bahia e Sergipe vão produzir, até dezembro, 48,8 mil toneladas de grãos para a primeira usina de biodiesel da Petrobras, inaugurada em julho, em Candeias (BA). Deste total, 30,6 mil toneladas são de mamona e 18,2 de girassol.
Para o funcionamento da unidade, 58% do total de compra da matéria-prima foi adquirido da agricultura familiar, o suficiente para obtenção do Selo Combustível Social.

Safra - De acordo com a Conab, a produção de mamona no Brasil nesta safra será de 146 mil toneladas, 55,8% a mais que no ciclo passado. O aumento é resultado de um crescimento de área de 7,3% e melhora de 45,3% na produtividade, comparada ao período anterior. Os agricultores estão colhendo em média 875 quilos por hectare. Durante a safra 1997/98, por exemplo, a colheita rendia apenas 142 quilos por hectare.