sábado, 5 de abril de 2008

A vez da Natureza.

Por Gustavo Szilagyi

Durante anos o homem tem desafiado a força da "mãe" Natureza e testado sua paciência, e o troco vem sendo dado paulatinamente a cada novo período chuvoso ou a cada seca mais severa.
É claro que o sertanejo, aquele homem simples que não tem instrução, que não teve acesso a educação formal, que tem de matar um leão por dia, de sol a sol, para poder sobreviver aos extremos do sertão nordestino é mais vítima do que culpado por tudo aquilo que nós, os instruídos, temos feito ao nosso meio ambiente, pois somos coniventes com os atos de vandalismo ambiental praticado por empresas e pelo estado a cada dia, sem que nós tenhamos a capacidade de nos manifestar contrários.
As chuvas que estão caindo no nosso sertão, até bem pouco tempo atrás eram vistas como uma benção de Deus, pois estavam possibilitando a cheia dos açudes e a esperança de um ano de boas colheitas na agricultura. Porém, a fé do sertanejo em um ano de boas chuvas não apenas se configurou como uma verdade, como surtiu efeito contrário ao desejo do sofrido homem do sertão, que agora vê sua lavoura sendo lavada pelas águas da tão esperada chuva. Não bastasse sua lavoura, as chuvas estão varrendo do mapa suas casas, sua vida, sua história.
Quantas famílias já não perderam tudo, inclusive a esperança de garantir seu sustento anual com o fruto da colheita de seus roçados?
As fortes chuvas que tem castigado nosso sertão estão nos mostrando, inclusive, outra verdade: à cerca dos anos de degradação ambiental que nós temos promovido sobre nossos mananciais hídricos.
Os rios perderam sua capacidade de drenar as águas que por eles deveriam correr, pois os mesmos estão assoreados. O assoreamento dos canais fluviais possibilita justamente o transbordamento das águas nos períodos de grande invernada (como o atual), com o espraiamente do espelho d'água. A destruição das margens dos rios, com a retirada da mata ciliar, possibilita que cada vez mais, mais material seja carreado para o leito do rio, ampliando seu processo de assoreamento.
Percebemos com isso que todo este pacote de destruição é fruto da falta de cuidado com nossas Bacias hidrográficas.
O prejuízo do sertanejo e do estado é fruto da falta de políticas voltadas à recuperação dos canais fluviais, das matas ciliares dos rios e da ocupação desordenada das áreas de brejo e ribeirinhas. O prejuízo do Estado é retratado na destruição de estradas, pontes, ra rede de energia elétrica, e das adutoras que vão sendo varridas pelas “águas de março”.
Esperamos que este recado da "mãe" natureza, que colocou mais de 30 cidades potiguares em estado de calamidade pública, que tirou a vida de três pessoas e deixou mais de duas mil pessoas desabrigadas, sirva para o Estado perceber que não será a construção de pontes de 165 milhões de reais que evitaram tragédias como esta.
O Estado precisa investir na revitalização de nossas bacias hidrográficas. É preciso recuperar (urgentemente) os rios através da desobstrução dos canais fluviais com investimentos em dragagem e recomposição das matas ciliares.
É preciso que o Estado devolva a dignidade do sertanejo, sendo responsável pelos seus atos, assumindo sua culpa de estado omisso e começando, desde já, a realocação das casas situadas nas chamadas “zonas de risco de inundação” para porções mais elevadas, livres de futuras enchentes. É necessário promover a recomposição da cobertura vegetal das áreas de brejos e das zonas ribeirinhas, e proceder uma forte fiscalização a fim de evitar que novas construções venham a se instalar nestas áreas.
Enquanto estas ações não forem tomadas, ficaremos rezando para que nas próximas chuvas, Deus não seja “tão generoso”.
Fotos: Arquivo Diário de Natal

Rio invade ruas em Felipe Guerra

Por Marcio Morais


Na manhã de ontem parte da cidade de Felipe Guerra amanheceu debaixo d’água com o transbordamento do rio Apodi/Mossoró que corta parte do bairro cidade baixa, área urbana do município.
Além de desabrigar os moradores de cidade baixa as águas ainda atingiram comunidades como São Lourenço, Brejo, Arapuá, Fazenda Nova, passagem Funda e Santana. Felipe Guerra havia registrado várias chuvas fortes, mas o que levou cerca de mil pessoas a ficarem desabrigadas foram mesmo as águas vindas da cheia do rio Apodi/Mossoró que estão descendo com bastante força da sangria da barragem de Santa Cruz que esta com uma lamina de 90 centímetros.
A enchente provocou inúmeros problemas à população. Principalmente quem reside no perímetro rural e teve que abandonar suas casas, sendo transportados em canoas sem as mínimas condições de segurança.
Ontem, o morador José de Arnaldo, que mora na Cidade Baixa há quase duas décadas, ficou com sua residência ilhada e precisou da ajuda da população para retirar seus três filhos e os móveis de sua residência. As vítimas da cheia, em Felipe Guerra, estão sendo abrigadas em casas de familiares e amigos que no momento de grande dificuldade têm se solidarizado com aqueles penalizados pelas enchentes.
A agricultora Luzenira Doralice da Silva e o seu filho, que estava doente, foram resgatados por canoas na comunidade do Brejo. Em situação de desespero a Luzenira e a família foram socorridas e estão abrigadas na cidade.
De um modo geral, vários reservatórios públicos e particulares da região Oeste estão sangrando numa magnitude de causar preocupações e contabilizar os primeiros prejuízos à população não somente de Felipe Guerra, como também de Riacho da Cruz, Lucrecia, Umarizal, Pau dos Ferros, Severiano Melo, Apodi, Governador Dix-Sept Rosado dentre outras localidades circunvizinhas.
Devido à gravidade das enchentes, a Prefeitura de Felipe Guerra suspendeu as aulas da rede municipal de ensino, deixando 1450 alunos da cidade e do campo sem aula. Já a rede estadual de ensino também não terá condições de manter as escolas em funcionamento, pois os cerca de 600 alunos — a maioria moradores de comunidades rurais — não tem como chegar às escolas devido aos danos em vários acessos à cidade.
“Não podemos fazer nada para mudar essa realidade, pois Felipe Guerra está em situação de calamidade e agora só nos resta ajudar as pessoas que estão precisando do apoio da municipalidade”, comentou o secretário de Educação Carlos Alberto Medeiros.
A topografia de Felipe Guerra favorece ainda o processo de inundação. Grande parte das comunidades da zona rural e todo o Bairro de Cidade baixa ficam isolados quando o Rio Apodi/Mossoró recebe qualquer volume de água.

Calamidade Pública

O prefeito de Felipe Guerra, Braz Costa (PMDB) decretou ontem “Estado de Calamidade Pública” face à situação em que se encontra boa parte do seu município e agora aguarda a ajuda da Defesa Civil. O prefeito também tem buscado apoio junto à Petrobras e outras instituições com a finalidade de amenizar os problemas. A Prefeitura através das secretarias estava dando assistência às familias atingidas.

Rio Barra Nova expulsa população ribeirinha

A lâmina d’água da sangria do açude Itans aumentou na manhã de ontem e levou agonia à população de algumas áreas mais baixas do município de Caicó. Casas inundadas e famílias ilhadas: está é a situação das populações ribeirinhas. Houve danos em prédios, ruas e casas ficaram alagadas e persiste a apreensão porque alguns reservatórios à montante do Itans continuam despejando grande volume de água.
A situação mais alarmante é das famílias que moram às margens do rio Barra Nova. Casas foram levadas pela correnteza que ontem havia aumentado em 90 centímetros o nível d’água.
De acordo com o chefe de gabinete da prefeitura de Caicó, Ubalmagnus Costa, 45 famílias estão desabrigadas estão sendo levadas pelo Corpo de Bombeiros para abrigos em escolas, creches, ginásios e prédios públicos ou casas alugadas pela Prefeitura.
Algumas famílias resistem em deixar os locais de risco. “As águas continuam a invadir as residências, e estas pessoas têm de entender que precisam ir para abrigos para evitar que aconteça algo pior. Nós não vamos deixar ninguém nessas áreas de risco”, disse o chefe de gabinete.


Fonte: Tribuna do Norte - 05/04/2008

quinta-feira, 3 de abril de 2008

AGU propõe tombamento da frente do Morro do Careca

A Advocacia Geral da União (AGU) encaminhou à Prefeitura de Natal um ofício com uma proposta de conciliação de interesses sobre a proposta de tombamento (preservação) do Morro do Careca.
A AGU sugeriu que a área tombada se restrinja à parte frontal da duna, o equivalente a 113,67 hectares. O município tinha previsto uma área de 334,99 hectares, ou seja, toda a Zona de Proteção Ambiental 6 (ZPA-6).
A assessora técnica da Fundação Capitania das Artes (Funcarte), Ilana Félix, informou que o documento já foi repassado para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb) e para a Procuradoria Geral do Município (PGM) para as respectivas análises ambiental e jurídica da proposta. Ela disse que em torno de 15 dias o Conselho Municipal de Cultura deverá apreciar a nova sugestão da AGU.
O ofício assinado pelo Procurador-Chefe da União, Niomar de Sousa Nogueira, ressalta que a área pretendida para tombamento é fundamental para o cumprimento das funções do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI). O espaçou, argumenta a AGU, é utilizado como área de escape para a queda de foguetes, em caso de desvio de rota, e também pode ser utilizada para a instalação de equipamentos de apoio.
A AGU admitiu que não há nenhum impedimento legal pelo fato de o Morro do Careca integrar área militar federal. Porém, o procurador observa que a CLBI, ao longo de décadas, cuidou de ‘‘manter incólume’’ as características naturais do monumento natural ‘‘até porque a preservação do patrimônio ambiental e paisagístico é também interesse e atribuição constitucional da União’’.
Niomar Nogueira enfatiza que ‘‘se a sociedade potiguar ainda tem o privilégio de discutir a preservação do Morro do Careca’’, isso se deve à atuação sempre ‘‘eficiente, protetiva e zelosa’’ por parte dos representantes da CLBI.
Circulação
Ele lembra que uma ação civil pública de 2004, processada na 1ªVara de Seção Judiciária do Rio Grande do Norte, culminou em uma setença judicial que determina a ‘‘interdição absoluta do Morro do Careca e Dunas Associadas’’. Mas no mesmo decreto judicial ficou estabelecida a permissão de circulação para representantes da CLBI.
A AGU entende que o tombamento, ‘‘por restringir o direito de propriedade’’, estaria ferindo os princípios constitucionais da razoabilidade e da proporcionalidade. O ofício finaliza afirmando que o conflito de interesses entre a União e o município é ‘‘apenas aparente’’ e que eles (os interesses) podem ser harmonizados.
FONTE: Diário de Natal - 03/04/2008
COMENTÁRIO - GUSTAVO SZILAGYI
Eu tenho uma contra-propósta a fazer: Que tal preservarmos apenas a careca, e a resto agente abre e permite que se intale algum eco-empreendimento de algum militar da CLBI.
É brincadeira essa AGU!

Austrália passa a enterrar gás poluidor

A Austrália começou a testar nesta quarta-feira um polêmico projeto contra o aquecimento global. Cerca de 100.000 toneladas de dioxido de carbono, gás causador do efeito estufa, estão sendo retirados da atmosfera e bombeados para um depósito subsolo. O objetivo no futuro é capturar o CO2 produzido nas usinas de energia movidas a carvão, que poluem severamente o ambiente.
O gás é enviado para um reservatório que fica a dois quilômetros de profundidade, numa cidade a oeste de Melbourne. “Provavelmente, temos aqui o mais completo programa de armazenamento de dióxido de carbono do mundo”, avaliou Peter Cook, chefe do programa, segundo a agência de notícias Reuters.
Há outras iniciativas similares pelo mundo. Na Argélia, já existe um reservatório capaz de guardar 1 milhão de toneladas de CO2 a cada ano em poços a 1.800 metros de profundidade. O objetivo do projeto australiano, porém, é viabilizar esse tipo de mecanismo comercialmente, em larga escala, acondicionando o CO2 até mesmo no mar.
Críticas - A iniciativa, porém, vem recebendo críticas dentro de casa. A senadora Christine Milne acusou o projeto de cerca de 36 milhões de dólares (aproximadamente 64 milhões de reais) de ainda não cumprir a promessa de capturar CO2 diretamente das usinas de carvão. “Anos após a idéia ter surgido como uma alternativa ao consumo de carvão pela Austrália, ainda não temos um piloto que demonstra a tecnologia de captura”, disse. O país é o maior exportador de carvão do mundo e um dos maiores emissores de gás de efeito estufa.
Outros grupos ambientais apontam riscos de vazamento do gás, o que causaria asfixia em larga escala. Peter Cook garante que o mecanismo é seguro e que o CO2 é armazenado em uma camada de arenito no subsolo.
A senadora, porém, defende que o governo deveria trocar o projeto por outras ações, como a implantação em larga escala da energia solar e eólia. “É evidente que deveríamos optar pelas tecnologias ligadas às energias renováveis, que não geram poluição”.
Fonte: site National Geographic, 02/04/2008

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Apodi: barragem de Santa Cruz começa a sangrar

Por Maiara Felipe
Como previsto na tarde desta terça-feira (1º), quando faltavam apenas 30 cm para a sangria, a barragem de Santa Cruz do Apodi, um dos mais importantes reservatórios do estado sangrou, na manhã desta quarta-feira (2). Além dela, Passagem das Trairas, localizada no município de São João do Seridó, também atingiu capacidade máxima.
De acordo com dados da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), 30 açudes já sangraram até agora. Integrante da bacia Apodi-Mossoró, Santa Cruz do Apodi, com capacidade de 599 milhões de metros cúbicos, foi o 12º açude da bacia a sangrar. A barragem, uma das mais importantes fonte de abastecimento do Rio Grande do Norte, atende uma população de 108 mil habitantes em 27 cidades. A barragem, que sangrou pela última vez em 2004, será base para a transposição das águas do Rio São Francisco no estado.
Já Passagem das Trairas, na bacia Piranhas-Assu, tem capacidade de 48 milhões de metros cúbicos é responsável por metade do abastecimento do município de Caicó.



Barragem Passagem das Traíras sangra e açude Itans continua “tomando” água



A barragem Passagem das Traíras, localizada entre os municípios de Caicó, São José do Seridó e Jardim do Seridó, amanheceu transbordando na manhã desta quarta-feira (2).
O sangradouro de concreto e em forma de escadaria marcava uma lâmina de água inferior a 10 centímetros, mas que aumenta gradativamente, haja vista que chove na região nesta manhã.
Construída no leito do rio Seridó, em 1994, a barragem consegue armazenar um volume superior a 38 milhões de metros cúbicos de água.
Nos anos em que a barragem sangra é realizada uma festa comemorando o acontecimento. Está previsto evento festivo para o próximo domingo no balneário da barragem.

Açude Itans

O Dnocs informou que o açude Itans, de Caicó, aumentou o nível de suas águas em 1,05 metro nas últimas 24 horas. Agora falta 1,75 metro para o segundo maior reservatório da região Seridó sangrar. A capacidade total de armazenamento do Itans é superior a 81 milhões de metros cúbicos de água. O açude Boqueirão de Parelhas é o maior da região, com capacidade total superior a 85 milhões. Medições feitas hoje apontam 1,40 metro para que ele transborde.


segunda-feira, 31 de março de 2008

Potiguares e turistas contemplam a beleza da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves

As águas mostram o que os meteorologistas já haviam previsto chuvas acima da média no Rio Grande do Norte em 2008.No estado, até o momento, 22 reservatórios com capacidade acima de 5 milhões de metros cúbicos já estão sangrando. E se depender das previsões climáticas muita água ainda vai cair até o mês de maio, criando um cenário verde e fértil, nada igual às cenas comuns de seca e estiagem.
Somente neste fim de semana choveu em 119 municípios do estado. No município de Ipanguaçu, choveu 29, 5 milímetros. A área fica próxima à Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, localizada no Rio Piranhas, 6 km de Assu, responsável por um dos mais belos espetáculos de sangria no interior potiguar.
Para o homem do campo, acostumado com a escassez, ver esse mar de água é uma satisfação e motivo de muita festa. Tanta fartura e beleza são comemoradas por quem mora na região, afinal de contas são 39 cidades das regiões Seridó, Central, Mato Grande, Alto Oeste, Mossoró e principalmente do Vale do Açu, abastecidas através de adutoras com água do reservatório beneficiando 600 mil habitantes. Isso sem esquecer a questão social, pois irriga grandes áreas de fruticultura na região do Baixo Açu, gerando mais de 20 mil empregos diretos. Cada vez que acontece uma grande sangria, todos correm para ver de perto o espetáculo da força das águas e a certeza de abastecimento durante alguns anos.
No último domingo, ver a barragem sangrando foi o programa de muitos potiguares. Na chegada, uma fila de carros e motos mostrava o quanto o espetáculo da natureza seria concorrido. A exibição gratuita da natureza trouxe espectadores de longe. A fila dos carros denunciava platéia de várias regiões do estado como também da capital. "Vim ver de perto o que só via pela TV. Fiquei encantada com tanta beleza", diz a funcionária pública Lúcia Costa.
A água desce pelas pedras numa perfeita sincronia de movimento e som. Ao escorrer para os lados o compasso muda, o ritmo passa para algo mais leve, de pequena cachoeira. E lá onde os olhares se fixam e numa fração de segundo decidem tomar banho. E quem não resistiu, se molhou com roupa sem se preocupar com os olhares curiosos. "A água morna é um convite irresistível", disse um fotógrafo que por ali passava.
Parece que se banhar naquelas águas de esperança e graça traz sorte. Para alguns é uma bênção, como a mãe que foi refrescar seu bebê na esperança de dias melhores. Um espectador da cena comenta: "Quanta beleza bem pertinho da gente, sem precisa sair do estado".
Há também quem aproveite a ocasião para ganhar dinheiro extra como Antônio Jacó, que colocou em um isopor cerveja, água e refrigerante. Vendeu tudo e voltou para casa satisfeito com planos de repetir a dose no próximo fim de semana, quando novos visitantes devem chegar. "Estou feliz duas vezes, lucrei o que esperava e ainda estou vendo uma coisa que vi pela última vez em 2004. Para mim é muito gratificante", diz ele.
Enquanto isso, o senhor Canindé Francisco, de 67 anos, após aproveitar o que pôde do banho, sai das águas e diz: "Pedi a Deus para ver essa belezura de novo e Ele atendeu ao meu pedido".

FONTE: Leane Fonseca - Especial para o DN ONLINE - 31/03/2008

Audiência pública discute emissário submarino

Participaram do encontro Caern, Arsban, Consab, Crea e sociedade civil organizada.

Por Ana Paula Oliveira


Com objetivo de aprofundar as discussões em torno da melhor alternativa para o esgotamento sanitário de Natal e Grande Natal, a Câmara Municipal promoveu na manhã desta segunda-feira (31), uma audiência pública.
Segundo o vereador Edivan Martins (PV), propositor da audiência, o objetivo é discutir "um dos temas mais importantes para a sociedade natalense", que é o destino dos efluentes do sistema de esgotamento sanitário. “Existem pelo menos umas sete alternativas indicadas no Plano Diretor de Natal e que precisam ser estudadas. No entanto, a mais avançada é o emissário submarino”, citou Martins, dizendo que há vários questionamentos e ausência de estudos de impacto ambiental. Ele acrescentou que a principal preocupação é em relação ao futuro. “Queremos uma alternativa que ofereça menor impacto ambiental à sociedade”, ressaltou.
Para o diretor-presidente da Agência Reguladora de Serviços de Saneamento Básico (Arsban), Urbano Medeiros, a audiência é mais um momento para alimentar as discussões. “É muito importante se debater sobre esse assunto aqui, no âmbito do poder legislativo, que tem um papel preponderante nesse processo”, declarou. Segundo Medeiros, a agência recebeu da Caern os estudos realizados para a execução da obra do submarino em 12 de março. “Só agora recebemos da Caern oficialmente a documentação para análise”, informou.
Para o engenheiro da Caern Valmir Melo, a solução do emissário submarino é perfeitamente viável. “O emissário submarino existe no mundo inteiro, inclusive, em Boston, nos Estados Unidos. Esse sistema não é uma novidade”, afirmou. A audiência púbica contou com a participação do Consab, Caern, Crea-RN, SOS Ponta Negra e sociedade civil organizada.
COMENTÁRIO GUSTAVO SZILAGYI
Eu fico chocado com a teimosia da CAERN em querer empurrar goela abaixo dos natalenses este Emissário Submarino. As principais instâncias participativas da cidade já se pronunciaram contrárias a esta alternativa de se resolver os problemas referentes à disposição final dos efluentes domésticos da cidade: ARSBAN, MP, SEMURB, ONG's, Conselhos Comunitários, UFRN e, inclusive, o Prefeito de Parnamirim, o Sr. Agnélo Alves afirmou não querer Emissário Submarino no território de Parnamirim.
Vale a pena ressaltar que, apesar da CAERN usar como argumentos a existência de emissários em todo o mundo, esta é uma tecnologia ultrapassada, que hoje não é mais implantada, inclusive tendo sido substituída em vários países por outras fontes mais econômicas e ambientalmente sustentáveis.
Como exemplo, citamos a Austrália que recentemente esteve desativando seus emissários e construindo Estações Compactas de Tratamento de Efluentes, sendo o efluente tratado ligado a um sistema paralelo de distribuição para ser usado na irrigação de jardins, lavagem de carros e em certos processos industriais.
Outro exemplo que o mundo nos dá, e que deveria ser visto pela CAERN é o Sistema adotado por Israel, que visa tratar os efluentes domésticos e reinjetar no lençol um efluente tratado, que durante mais de 200 dias fica sob monitoramento constante confinado no lençol freático, onde depois deste tratamento, suas águas são explotadas por poços mais distantes e bombeadas cerca de 50 a 70Km para que suas águas sejam utilizadas na irrigação em projetos de recuperação de áreas desérticas e produção de alimentos . Ressaltamos que a precipitação anual em Israel equipara-se a encontrada na região do Seridó do RN, ou seja, precipitação média entorno de 500mm/ano, porém, com a diferença de que em Israel não falta água para irrigação em seus verdes campos, tudo isso graças a tecnologia de reuso da água dos efluentes domésticos.
Poderíamos citar ainda o caso do Rio Sena, na França, que até a década de 90 recebia parte dos esgotos produzidos por dezenas de cidades francesas, dentre elas Paris, tendo sido considerado um rio morto devido seu alto grau de poluição. A França aboliu os emissários, decidiu investir em sistemas de tratamento alternativos, no reuso da água, permitindo assim, que hoje o Rio Sena esteja despoluído.
No Brasil, os emissários de Fortaleza e do Rio de Janeiro já deram muita dor de cabeça aos gestores públicos e protagonizaram graves acidentes ambientais. Quem não se lembra da Baia de Guanabara toda poluída com os esgotos do emissário da capital fluminense?
Será que teremos de passar pelos mesmos problemas destas cidades brasileiras, e outras, mundo afora, para decidirmos seguir os exemplos da Austrália, França e Israel?
Será que é tão difícil para a CAERN perceber de que este projeto é non grato pela maioria da sociedade natalense?
O que será que está atrás da insistência da CAERN em investir no emissário e não em outras alternativas, aparentemente mais baratas(?), porém menos impactantes (!) e mais eficientes?
Por que a CAERN se nega a discutir outras soluções de tratamento dos efluentes domésticos da capital, como por exemplo, o sistema baseado no Reator Biológico Multietapas – MSABP?
Concluímos dizendo que a adoção do Emissário Submarino é uma das alternativas que a CAERN possui para resolver os problemas dos efluentes produzidos em Natal e Parnamirim, porém, esta deveria ser a última alternativa a ser pensada e nunca a primeira, como a Empresa de Águas e Esgotos do RN tem deixado transparecer para toda a sociedade.

População de Acari festeja a sangria do açude Gargalheiras

Sangria aconteceu por volta das 8h de hoje e atraiu a curiosidade dos acarienses, que foram ao açude conferir as águas rolarem pelo sangradouro de concreto.


Por Josenildo Carlos

Parte da população do município de Acari, na região Seridó, se deslocou na manhã desta segunda-feira (31) para observar a sangria do açude Gargalheiras, que possui capacidade para armazenar mais de 40 milhões de metros cúbicos de água.Alguns curiosos não esperaram o sol raiar e nas primeiras horas do dia já davam plantão na parede de concreto do reservatório.
Contudo, somente por volta das 8h é que os primeiros filetes de água escorreram pelo sangradouro. A última sangria do açude aconteceu em 2004.
Considerado o açude mais bonito do Rio Grande do Norte, o Gargalheiras foi inaugurado em 1959, em meio a uma cordilheira de serras. Denominado de Marechal Dutra, recebe as águas do rio Acauã e sangrou pela primeira vez em 1960.