quinta-feira, 7 de maio de 2009

Policiamento do Parque da Cidade está ameaçado

Por Luiz Freitas

Os agentes da Guarda Municipal de Natal que atuam no Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte ameaçam paralisar as atividades e, consequentemente, fechar as portas daquela área de proteção ambiental à população. O motivo é a falta de condições de trabalho. A equipe do plantão de ontem, formada por oito guardas do grupamento ambiental, não tinha sequer água para beber no posto base da unidade, que funciona no prédio da administração do parque.
Não bastasse essa situação, os agentes estão sem viaturas para fazer o patrulhamento do parque. Na manhã de ontem, enquanto conversavam com a reportagem do Diário de Natal, os agentes receberam o comunicado de que 14 detentos haviam fugido da Delegacia de Plantão da Zona Sul e que o Parque da Cidade poderia ser uma possível rota de fuga. Impossibilitados de realizarem a ronda nas trilhas ambientais por falta de transporte, eles tiveram que pegar carona em uma Kombi da Semurb, que havia ido até o local justamente para averiguar as condições de trabalho.
O supervisor de serviço do dia, o guarda ambiental Jota Morais, 39 anos que há 18 integra a corporação, relata que o Parque da Cidade teoricamente dispõe de dois veículos, pois um deles está à disposição do supervisor do grupamento, e a viatura - que deveria ser operacional - estava fora do parque realizando serviços burocráticos. Das duas motocicletas, uma estava quebrada e a outra sem gasolina. Os dois quadriciclos também estão inoperantes. A salvação para não andar a pé seriam duas bicicletas, mas falta a vestimenta adequada para os agentes.
O diretor do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Natal (Sinsenat), Evânio Máfora, esteve no local para apurar as denúncias. ‘‘Já havíamos colhido informações dos agentes e estamos agora vendo a situação no local. Eles tem condições mínimas de trabalho. O sindicato irá reunir sua diretoria para tomar uma posição a respeito e devemos levar este fato oficialmente à administração municipal, inclusive de fugitivos à solta no parque’’.
No posto base, ontem, faltavam água potável e gás de cozinha. ‘‘Estamos bebendo água das torneiras aqui do parque, e não podemos cozinhar nada por aqui, nem ao menos tomar um café’’. O ambiente é fechado e depende do ar condicionado central das instalações, que está desligado devido o início das obras no local. ‘‘Aqui dentro o calor é enorme. Não temos condições de passar 24 horas num local como esse’’. Os agentes relatam que durante à noite são obrigados a deixar a base e tentar dormir - eles fazem revezamento ao longo da noite - na rampa de acesso ao mirante projetado por Oscar Nieymaer, mas as muriçocas, e a chuva, não dão descanso para ninguém. O descanso não vem nem mesmo na hora do almoço. Segundo Jota Neto, os guardas recebiam vale-alimentação, que foi suspenso. ‘‘Agora, eles nos colocaram para comer nos postos de saúde, mas mesmo assim nem sempre tem comida, porque o horário de almoço lá é fixo e não conseguimos chegar’’. Sem alternativa, os guardas praticamente abandonam o serviço para almoçarem em casa mesmo.

POLICIAMENTO

Os agentes do grupamento ambiental tem que policiar três quilômetros de trilhas, além de uma área total de 64 hectares sob sua jurisdição. Sem meios de transporte, o deslocamento tem que ser feito a pé, prejudicando o atendimento às ocorrências, que tanto podem ser de garotos degradando as placas de sinalização do parque, como o caso de possíveis fugitivos andando dentro da área.
Além disso, o Parque da Cidade é cortado por diversas trilhas ‘‘informais’’, que a população vizinha, dos bairros de Pitimbu, Cidade Nova e Nova Cidade utiliza para se deslocar, usando o parque como passagem. As trilhas são ilegais, por se tratar de uma zona de proteção ambiental, e os guardas fazem um trabalho de educação ambiental junto às pessoas encontradas nesses locais. ‘‘Sempre encontramos pessoas por aqui, inclusive de bicicleta ou de moto, o que é proibido, pois agride o meio ambiente’’, afirma o guarda ambiental Clécio, em uma dessas trilhas.
Do outro lado do parque, outra dificuldade. Os guardas relatam a existência de tráfico de drogas em duas comunidades localizadas no sopé da entrada leste, as comunidades do ‘‘Rabo da Cachorra’’ e a ‘‘Baixa do Cão’’. Um dos guardas conta que os comandantes do tráfico no local ordenaram ‘‘que não mexessem com as pessoas no parque’’, para evitar a presença da polícia.

FONTE: Diário de Natal, 07/05/2009


COMENTÁRIO DE GUSTAVO SZILAGYI


Cara, é piada o que está ocorrendo com o Grupamento Ambiental da Guarda Municipal. Não quero nem me estender muito, visto ter sido barbaramente censurado pelo último post que coloquei neste blog, mas isso é no mínimo irresponsável. Um comando que deixa seu pelotão sem água, gás e ainda mais, a pé para cuidar de assuntos burocráticos com um carro oficial, e pior, carro este que não pertence nem sequer a Guarda Municipal, tendo sido CEDIDO por emprestimo pela SEMURB, em detrimento da oferta de um patrulhamento digno e adequado de uma unidade de conservação como o Parque da Cidade.