quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Prefeitura tem 90 dias para concluir Parque da Cidade

Mais um capítulo na novela do Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte, cujas obras estão paralisadas há onze meses. Em sessão da Primeira Câmara, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) decidiu ontem dar um prazo de noventa dias para que a Prefeitura de Natal conclua a construção da obra. O não cumprimento da determinação será considerado improbidade administrativa e pode resultar em multa aos responsáveis e ressarcimento dos recursos públicos já gastos.

A determinação do TCE recai diretamente sobre as secretarias municipais do Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb), detentora do contrato com a empresa vencedora da licitação, e a de Obras Públicas Infraetrutura (Semopi), responsável pelo acompanhamento da obra. O Tribunal citou ainda os ex-secretários da gestão de Carlos Eduardo Alves, Ana Miriam Machado (da Semurb) e João Felipe Trindade (da Administração), o atual titular da Semurb, Kalazans Bezerra e a empresa Cinzel Engenharia Ltda., para que apresentem suas defesas no que diz respeito a irregularidades encontradas durante as vistorias feita no parque.
A última vistoria realizada pelo TCE foi em 14 de outubro deste ano e segundo divulgou o Tribunal, foram encontradas irregularidades em aspectos formais como descumprimento de prazos e execução, antecipação de pagamento e contratação de uma consultoria através de aditivo contratual e falhas de aspectos técnicos, que comprometem a qualidade dos serviços.
O último relatório produzido atesta ainda que houve reajustes contratuais que incidiram sobre quase todo o valor da obra, sem que houvesse dedução dos recursos já faturados. O Parque da Cidade foi orçado inicialmente em R$ 24.541.574,54 e o TCE registrou ainda a não comprovação da prestação da garantia de execução da obra.
O relator do processo, conselheiro Valério Mesquita, considera imprescindível a conclusão do parque, diante da gravidade do problema. Ele cita, por exemplo, que o parque está atualmente aos cuidados de três funcionários da Cinzel, dois vigilantes e um chefe de escritório que vão ao local esporadicamente. “Isso se configura em um verdadeiro abandono, dando margem ao vandalismo e depredações, tendo já sido verificadas várias ocorrências de furtos em instalações elétricas e sanitárias, gerando prejuízos aos cofres públicos”.
O secretário Kalazans Bezerra (Semurb) disse que ainda não foi notificado oficialmente, mas pelo que foi informado da decisão, achou a iniciativa do TCE extremamente positiva. “Afirmo categoricamente: sou completamente favorável a esta medida do tribunal”, disse. Segundo ele, é benéfico o fato de o TCE se aprofundar na questão e ajudar a resolver as irregularidades encontradas no processo da construção do parque.
Kalazans classificou como “gravíssimas” as falhas jurídicas e técnicas encontradas na obra. “Para se ter uma ideia, o parque foi construído em terrenos de terceiros. A prefeitura agora está correndo atrás de indenizar essas pessoas, para só então obter as escrituras do parque”. O titular da Semurb disse ainda que todas as irregularidades encontradas pelo TCE já haviam sido detectadas pela atual gestão da prefeitura, que não pagou nenhum centavo à empresa responsável.
Enquanto a obra não é concluída, na prática está sob a responsabilidade da Semopi, que tem a atribuição de acompanhar a obra. O titular da pasta, Demétrio Torres, informou que está levando o assunto da decisão para a Procuradoria Geral do Município, para que seja analisada.
“É preciso definir como isso vai ser feito, já que o contrato esteja vencido, não há mais prazo e as garantias não valem mais. É preciso acabar com esse impasse entre a empresa e a prefeitura”, disse o secretário Demétrio. O titular da Semopi não se mostrou surpreso com a decisão do TCE, já que, segundo ele, a secretaria vinha fazendo uma fiscalização paralela e também já tinha detectado os problemas. Segundo ele, é possível que haja uma luz no fim do túnel, já que as providências para a conclusão da obra já vinham sendo estudadas. “Logo, logo tudo deve estar saindo do papel. Mas talvez precisemos abrir uma nova licitação”.

Fonte: Tribuna do Norte, 23 de dezembro de 2009