sexta-feira, 31 de julho de 2009

Caern joga fora um Itans e um Gargalheiras a cada ano

A Caern desperdiça diariamente cerca de 108,7 milhões de metros cúbicos de água todos os anos, segundo estimativa da Associação de Empresas de Saneamento Básico Estadual, o que corresponde à metade da água tratada diariamente. Isso representa um volume de água equivalente a um Itans e um açude Galhalherias juntos. A média está dentro do percentual do resto do Brasil. Apesar dos esforços, a Caern é o maior responsável pelo desperdício da água no RN, com boa parte da rede sem instrumentos de medição, além dos vazamentos.
De acordo com estimativas da própria Caern, existem 250 mil ligações sem medição no Rio Grande do Norte, das 556 mil existentes, enquanto que em Natal o déficit é de 50 mil, das 180 mil existentes. Isso significa o seguinte: a Companhia cobra uma taxa fixa pela água, que pode ser maior ou menor do que realmente é gasto. Dessa forma, não há como precisar o total de dinheiro que escorre pelo ralo junto com a água desperdiçada. O fato levou o Conselho Municipal de Saneamento Básico de Natal a incluir na resolução que reajustou em 14,12% as tarifas de água duas meta a serem cumpridas pela Caern. Para universalizar a medição de água em todo o Estado seria necessário R$ 26,5 milhões.
Primeiro, o déficit de hidrometração (medição de água) para os chamados grandes consumidores deve cair 50%. Em segundo lugar, a cobertura deve aumentar 30%. As duas metas têm como prazo final o dia 30 de abril de 2010. A proposta inicial da Agência Reguladora do Saneamento Básico de Natal – Arsban era de um aumento da cobertura de 40%, mas a Caern afirmou que o percentual era impossível de ser alcançado. Contudo, a Assessoria de Comunicação da Companhia informou que, dos 50 mil hidrômetros necessários para tornar a cobertura plena, a Caern já possui 15 mil e está em processo de aquisição de mais 30 mil. Caso sejam instalados, o nível de cobertura chegará a 95%.
A outra ponta da questão é o número de vazamentos na rede. Não é difícil encontrar pela cidade de Natal canos estourados e vazamento de água tratada pelas ruas. Na manhã de ontem, a reportagem da TRIBUNA DO NORTE percorreu algumas ruas e avenidas da cidade e encontrou três pontos de vazamento. Um, maior e mais preocupante, na avenida Hermes da Fonseca, em frente ao 16o. Batalhão de Infantaria Motorizada. Lá, a água já escorria e seguia avenida abaixo por todo o quarteirão.
Em Capim Macio, a tubulação foi quebrada pela obra de saneamento, na última quarta-feira. Eram 11h quando os trabalhadores da obra tentavam debelar o vazamento, após um dia de desperdício de água.
Numa menor escala, o desperdício pelo próprio consumidor também é uma variável desta equação. “O desperdício acontece pela falta de medição e vazamento, mas também pelo consumidor, que muitas vezes não tem cuidado, lavando calçadas com a torneira aberta, aguando o jardim, etc”, explica o engenheiro sanitarista João Rafael, do Conselho Municipal de Saneamento Básico. Segundo a própria Caern, o maior índice de desperdício acontece na distribuição da água, e não pelo consumidor final. “Os problemas de distribuição acabam por incentivar o consumo desenfreado. O cidadão sabe que não vai ser cobrado”.
Fonte: Tribuna do Norte, 31/07/2009

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Lagoa Azul extravasa e leva Av. Moema Tinoco para dentro do Rio Doce.

Inverno vai, inverno vem e a situação da Lagoa Azul, bairros de Pajuçara e Lagoa Azul, Zona Norte de Natal, só tem se agravado.
Com as chuvas deste inverno, uma situação prevista já algum tempo e gritado neste blog finalmente ocorreu, e antes mesmo do sistema de drenagem do bairro de Nossa Senhora da Apresentação estar concluída e em funcionamento: a Lagoa Azul transbordou, lavando a Av. Moema Tinoco e levando parte daquela avenida para dentro do Rio Doce, aumentando significativamente os impactos ambientais sobre aquele manancial hídrico.
Mas porquê falamos do Sistema de Drenagem do Bairro de Nossa Senhora da Apresentação?
Porque todas as águas captadas por este sistema serão drenadas para dentro do Sistema Lacustre Gramoré/Pajuçara, onde a Lagoa Azul é parte integrante juntamente com outras três lagoas e o Rio Doce.
A pouco mais de um ano, integramos um grupo de estudo que estudou profundamente a situação ambiental daquele ecossistema, com vistas a mensurar os impactos nas obras de ampliação da Av. Moema Tinoco no trecho do cruzamento com a Av. das Fronteiras e a BR 101 Norte. Na ocasião, a Lagoa apresentava-se com seu nível bastante baixo.
Após o inverno do ano passado, em nova visita técnica ao local, percebeu-se uma forte elevação do nível da lagoa, que chegou a "lamber" a Av. Moema Tinôco em vários trechos.
Em Relatório Ambiental Simplificado, apresentado a SEMOV e a SEMURB em 2008, estes foram alertados sobre o risco da Lagoa Azul não suportar o volume de água da contribuição do Sistema de Drenagem do Nossa Senhora da Apresentação, e a possibilidade daquela lagoa "estourar" para dentro do Rio Doce, gerando graves prejuízos ambientais ao rio e à comunidade de Pajuçara e Gramorezinho que subistem da agricultura de hortifrutigranjeiros as margens do daquele rio.
Na ocasião, Engenheiros da SEMOV e outros envolvidos no projeto de drenagem, rechaçaram a idéia de rompimento da lagoa, afirmando categoricamente que a Lagoa suportaria todo volume extra.
Eis que decorridos mais de 365 dias, sem que houvesse alguma contribuição do Sistema do Nossa Senhora da Apresentação (ainda em construção), a Lagoa Azul não suportou seu próprio volume de acumulação, e transbordou rumo ao Rio Doce, tendo a SEMOV sido obrigada a refazer emergencialmente todo um trecho da Av. Moema Tinoco com o intuito de se manter o fluxo de veículos naquela via de acesso ao litoral Norte do estado.
E agora senhores engenheiros, o que vocês me dizem sobre o ocorrido? Será ainda um engodo o que foi escrito e denunciado? Será que a matemática de vocês prevêem os imprevistos da dinâmica ambiental e toda sua complexidade sistêmica?
Com a palavra, os Engenheiros!