quarta-feira, 13 de maio de 2009

Guardas acusam falta de estrutura

Agentes dizem que não têm veículos e nem armas para trabalhar


Criada em 1991, a Guarda Municipal de Natal tem um efetivo de 549 homens, responsáveis pela segurança de todos os prédios públicos, praças e parques municipais, e pela integridade física de quem estiver dentro deles. Mas a julgar pelas reclamações dos próprios agentes, a corporação não tem condições de realizar esse trabalho.
Um exemplo da situação é a Ronda Ostensiva Municipal (Romu). Guardas que preferem não se identificar contam que a central de rádio está desativada há mais de um mês e que a Romu Moto vem atuando com apenas duas motocicletas, porque as outras quatro do grupamento estão em manutenção. Também há déficit de carros, segundo um dos guardas. "Isso prejudica nosso trabalho aqui no bairro, que é um muito grande e tem alto índice de criminalidade", afirma. Ele denuncia, ainda, que utilizam as mesmas armas - revólveres calibre 38 - desde a criação da Guarda. "Também não sabemos se nossa munição está em condições de uso. Enquanto isso, temos queentrar em favelas para prestar apoio a operações de fiscalização de órgãos da prefeitura", acrescenta.
Outro guarda que trabalha no Alecrim reclama da falta de fardamento e de alimentação. "Recebemos apenas um fardamento por ano. O coturno nós é que pagamos. O vale-alimentação de R$ 5 foi suspenso no início do ano. Eu, por exemplo, como num restaurante na base da amizade", conta.
A reportagem do Diário de Natal flagrou, há uma semana, uma situação que dá substância às reclamações. Guardas do Grupamento Ambiental, que patrulham o Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte, tiveram de pegar carona em uma van da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb) para fazer a ronda no local após a notícia de uma fuga de presos em uma delegacia próxima ao Parque.
O agente de fiscalização da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb) e diretor do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Natal (Sinsenat), Evânio Mafra, reforça que a falta de estrutura afeta funcionários de outras secretarias, que precisam do suporte do órgão em operações de campo, em áreas como fiscalização ambiental. ``O fiscal tem poder de polícia, mas não usa armas. Sem a Guarda, vamos só com a cara e a coragem para as fiscalizações'', diz. "Como (os guardas) estão sem transporte, eles ficam apenas nos postos base e não podem sair para atender chamados. Antes, ligávamos primeiro para a Romu, pois ela apoiava nossas ações até a chegada do grupamento ambiental, mas agora não contamos mais com esse suporte", lamenta.

Verbas

O comandante da Guarda, João Gilderlan Alves de Souza, reconhece a necessidade de mais veículos e estrutura de trabalho. "A maior parte dos carros está sem uso, precisando de conserto. Ao todo, seis carros e uma moto estão a caminho da oficina. O tempo de utilização deveria ser de apenas dois anos devido ao uso intensivo, mas chega a cinco, seis anos", reconhece.
Ele acrescenta que espera receber mais verbas da recém-criada Secretaria Municipal de Segurança Pública. De acordo com Gilderlan, um convênio firmado pela GMN irá possibilitar a compra de mais dois veículos, já em processo de licitação, mas não deu previsão sobre a aquisição de outros tipos de equipamentos.