Fonte: Tribuna do Norte - 10/01/2008
Este BLOG é uma idealização do Geógrafo Gustavo Szilagyi. Fórum criado com o objetivo de divulgar, debater, denunciar e comentar acerca de eventos ambientais de ocorrência no estado do Rio Grande do Norte, bem como em nível nacional com repercussões no RN. É um portal para que as pessoas possam soltar um verdadeiro GRITO VERDE às causas ambientais.
quinta-feira, 10 de janeiro de 2008
Nível baixo já compromete abastecimento na Zona Norte
Fonte: Tribuna do Norte - 10/01/2008
Lagoa de Extremoz está com volume reduzido
Aliás, essa não é a opinião apenas da professora, mas da maioria dos moradores e comerciantes do local, que está temerosa com o fato de caminhões pipas retirarem a água da Lagoa para utilizá-la nas obras de construção de novos empreendimentos que estão surgindo em Extremoz.“No verão a Lagoa sempre seca um pouco, mas este ano está demais. Antes ela ficava cheia o tempo todo, até no verão, mas hoje só enche no inverno e olhe lá. Também com o tanto de caminhão pipa retirando água daqui, o dia ‘todinho’, e levando para as construções, não tinha outro fim a não ser esse”, lamentou a comerciante Eliane de França, que tem uma barraca às margens da Lagoa, no comunidade de Passagem de Areia.
O nível de água da Lagoa está tão baixo que áreas que antes eram alagadas, hoje parece mais a beira mar, onde visitantes, como a dona de casa Valquíria Lima, estendem suas toalhas para aproveitar o sol. “Quando cheguei aqui me assustei com o nível Lagoa porque a pouco mais de seis meses vim aqui com minha família e este lugar que estou agora estava coberto de água. Daqui a pouco a Lagoa vai secar e ninguém sabe como as coisas vão ficar”.
Fonte: Tribuna do Norte - 10/01/2008
COMENTÁRIOS (Gustavo Szilagyi)
Ah, se o problema da Lagoa de Extremoz fosse única e exclusivamente a falta de chuvas e a intensa explotação de água para fins de abastecimento humano ou para construção civil. Os problemas ambientais que acometem a Lagoa de Extremoz vão muito além destes citados. Basta dar uma olhada, por exemplo, na cor da água e na quantidade de algas e vegetação que estão surgindo ao longo da lagoa.
Devido ao excesso de carga orgânica, as águas da Lagoa de Extremoz estão começando a entrar num perigoso processo de eutrofização, com a reprodução de cianobactérias e outros organismos de alto poder de contaminação, e que se ingeridos pela população, podem gerar graves riscos a saúde humana.
A fora a contaminação orgânica, decorrente da falta de saneamento básico ao longo das comunidades situadas nos médios e alto cursos dos rios Guajiru e do Mudo, que deságuam na lagoa e compreendem a bacia hidrográfica do Rio Doce, o intenso assoreamento provocado pela erosão gerada em decorrência da forte pressão imobiliária localizada no entorno da lagoa, vem contribuindo sobremaneiramente para o comprometimento hídrico deste importante manancial aqüífero de nossa cidade.
O intenso crescimento demográfico da Zona Norte e seu conseqüente incremento na demanda por água também interfere diretamente na quantidade e qualidade das águas armazenadas neste reservatório natural.
É preciso que os poderes públicos se mobilizem e procurem agir urgentemente a fim de salvar a Lagoa de Extremoz e, assim, garantir a principal fonte hídrica da população da Zona Norte de Natal.
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
Transposição do São Francisco tem obras reiniciadas
Fonte: Tribuna do Norte, 08/01/2008
COMENTÁRIOS (Gustavo Szilagyi)

Com os mesmos R$ 5 bilhões de reais que serão gastos nessa obra, poder-se-ia revitalizar as nascentes do "velho Chico", restabelecendo seu volume hídrico histórico; dragar sua foz, restabelecendo sua navegabilidade; construir dezenas de quilômetros de adutoras, redistribuindo as águas armazenadas nos maiores reservatórios hídricos como Armando Ribeiro Gonçalves/RN (2,6 bilhões de m3), Curemas-Mãe d'água/PB (1,4 bilhões de m3), Oróz (1,9 bilhões de m3) e Castanhão/CE (6,7 bilhões de m3).
Este volume de recursos poderia ser utilizado ainda, por exemplo, para levar Saneamento Básico a todos os municípios situados ao longo das principais Bacias Hidrográficas, evitando assim a contaminação das águas acumuladas nas centenas de barragens e açudes existentes, e que hoje possuem suas águas com altos teores de contaminação orgânica, vide a barragem de Assu, maior e principal manancial hídrico do estado do Rio Grande do Norte.
Por falar em Rio Grande do Norte, vale a pena lembrar que no ano de 2000, ou seja, a exatos 08 anos, o Governo do Estado inaugurou na bacia hidrográfica do Apodi/Mossoró duas grandes barragens, que juntas tem capacidade de acumulação de quase 1 bilhão de m3 de água, e que até hoje não tem serventia alguma: barragens de Santa Cruz do Apodi e Umari. Nenhum projeto de transposição de suas águas foi feito, bem como nenhum projeto de irrigação foi instalado.
Neste sentido, comungo com os argumentos do Prof. João Abner, doutor em Recursos Hídricos e professor da UFRN. Transpor as águas do Rio São Francisco é um erro tão grave quanto o de não democratizar o acesso as águas armazenadas nos maiores reservatórios do Nordeste.
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
Mega-resort em Pitangui é alvo do Ministério Público
Fonte: Tribuna do Norte - 06/01/2008
COMENTÁRIO (Gustavo Szilagyi)
Nesta questão dos Mega Empreendimentos que estão sendo licenciados e construídos em todo litoral potiguar, em especial no litoral Norte, estão em jogo diversos interesses que vão desde o desejo de se preservar eternamente, para as presentes e futuras gerações, as paisagens aparentemente virgens formadas por dunas e lagoas; até aqueles que pretendem especular com estas áreas e substituir as dunas por ruas e casas, e as lagoas por piscinas e campos de golfe.
Do ponto de vista eminentemente técnico, em quanto geógrafo, é preciso levar em consideração os elementos físicos que estão interligados entre si, constituindo uma dinâmica sistêmica permanente, permitindo desta forma a riqueza cênica que compõem a paisagem local. Há de se levantar o tamanho dos impactos gerados sobre cada um destes elementos, que vão desde a dinâmica dunar, compreendida pelos movimentos de transporte de sedimentos; até mesmo os impactos gerados sobre o micro-clima local, decorrente da presença de cobertura vegetal e de corpos d'água, e que vão influenciar diretamente no conforto térmico local. Estudos de ordem hidrogeológica e de hidrodinâmica são importantíssimos a fim de se apontar a capacidade de suporte hídrico e os possíveis impactos sobre a qualidade das águas do lençol.
Porém, do ponto de vista jurídico, apesar da existência de leis, como o Código Florestal Brasileiro tomarem as áreas de lagoas e dunas, vegetadas ou não, como de Preservação Permanente; resoluções CONAMA e os Planos Diretores Municipais garantem a plena ocupação antrópica destas áreas, considerando-as como de expansão urbana e dando plenos direitos a construção de empreendimentos, desde que de forma planejada e controlada, respeitando certos padrões urbanísticos legalmente determinados.
Enquanto ambientalista e cidadão, vejo com muita tristeza a ocupação de uma área tão bela e tão rica em vida (seja vegetal ou animal), causando-nos um sentimento de perda e uma comoção muito grande. É de se lamentar que leis que surgem com objetivo de garantir a preservação de unidades geoambientais como às existentes em Pitangui são tão cinicamente substituídas por outras leis que abrem suas pernas e permitem o arregaçamento de dunas, lagoas e vegetação nativa.
Esta é uma luta difícil, para muitos sem fim. É um debate eminentemente jurídico e ideológico, sendo a discussão técnica usada apenas para balizar e fortalecer os argumentos de cada lado.
O debate está apenas iniciando, e a esperança é que a lógica e os argumentos ideológicos se sobressaíam diante o frio discurso jurídico e legal.