domingo, 27 de fevereiro de 2011

Código Florestal

Embrapa veta cientistas em seminário sobre Código Florestal

Por CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA

Pesquisadores da Embrapa foram impedidos de participar de um seminário para debater o Código Florestal na última terça-feira, na Câmara dos Deputados.

Segundo o órgão, não houve veto, apenas uma "orientação" para que os cientistas evitassem falar "em nome da Embrapa" sobre o tema, já que oficialmente a empresa não tem ainda opinião sobre o assunto, ainda em discussão no governo.

Cientistas que apresentaram seus dados no seminário, porém, queixam-se de censura aos colegas.

A Embrapa é parte do grupo de trabalho constituído em julho pela SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e pela ABC (Academia Brasileira de Ciências) para examinar as evidências sobre as relações entre ambiente e agricultura.

O grupo revisou mais de 300 publicações científicas e finalizou um relatório que visa subsidiar a mudança no Código Florestal, a ser votada na Câmara em março.

No encontro da última terça, convocado pela Frente Parlamentar Ambientalista, os pesquisadores da Embrapa apenas exporiam algumas conclusões do relatório.

Foi o que fizeram outros membros do grupo de trabalho da SBPC, ligados a instituições como USP, Unicamp, Inpe e Ministério da Ciência e Tecnologia que tampouco têm posição oficial sobre o tema, mas liberaram seus cientistas para falar.

OUTRO LADO

O diretor-presidente da Embrapa, Pedro Arraes, afirmou que não houve "nenhuma proibição" à presença dos cientistas da empresa no seminário em Brasília. "Nunca vou fazer isso na vida."
Ele disse, porém, que deu uma orientação aos cientistas para que eles tomassem "cuidado com posicionamentos". Assim, evitariam dar "conotação política" ao trabalho da Embrapa.
"Nós não conhecemos o que estava sendo discutido naquela reunião, e eu tenho de zelar pela parte técnica."
Arraes é parente do governador Eduardo Campos (PE), e assumiu a presidência com endosso do PSB.
Segundo ele, a orientação não partiu do Ministério da Agricultura, mas teve o aval do ministro Wagner Rossi.
Rossi debate com a ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente) um projeto alternativo de Código Florestal.
A ideia é que a proposta resolva os pontos mais críticos para ruralistas e para ambientalistas, sem deixar que a Câmara aprove o relatório de Aldo Rebelo.
"Eu falei que a pessoa pode ir lá, mas tem de tomar cuidado com posicionamentos, para não carimbar as coisas como se fossem da Embrapa", disse Arraes em entrevista à Folha.

Fonte: Folha de São Paulo, 25/02/2011

Aquecimento Global

Recifes de coral podem desaparecer até 2050, alerta estudo

Os recifes de coral podem desaparecer de todo o planeta até 2050 se não forem tomadas medidas urgentes para protegê-los das ameaças da pesca excessiva ao aquecimento global.
A advertência foi feita nesta quarta-feira no informe "Reefs at Risk Revisited", realizado por pesquisadores e grupos de conservação ambiental dirigidos pelo comitê de especialistas World Resources Institute (Instituto de Recursos Mundiais).
O aquecimento dos mares, causado pela mudança climática; a acidificação dos oceanos, obra da contaminação por dióxido de carbono; o transporte marítimo, o desenvolvimento costeiro e os resíduos agrícolas são as principais ameaças aos recifes de coral, além de permitir a economia e subsistência de milhões de pessoas.
"Se isto não for controlado, mais de 90% dos corais estarão ameaçados até 2030 e quase todos os corais vão estar em perigo até 2050", assinala o informe.
"As pressões locais sobre os recifes, como a pesca excessiva, o desenvolvimento costeiro e a poluição, representam a ameaça mais direta e imediata para os recifes de coral de todo o mundo e colocam em perigo, a curto prazo, mais de 60% dessas coloridas florestas marítimas", adverte o estudo.
O impacto da mudança climática --uma ameaça mundial para os corais-- somente agrava as pressões locais.
"O aquecimento dos mares já causou grandes danos aos recifes, devido ao fato de que as altas temperaturas geram uma resposta chamada branqueamento: os corais perdem suas coloridas algas simbióticas", afirmou o relatório.
"Além disso, o aumento das emissões de dióxido de carbono (CO2) está fazendo que os oceanos fiquem mais ácidos. A acidificação dos oceanos reduz a taxa e o crescimento dos corais e pode reduzir sua habilidade de manter a estrutura física".
A perda dos recifes de coral privaria milhões de habitantes costeiros de uma importante fonte de alimentos e rendas e, além disso, ficariam sem sua barreira natural de proteção das tempestades.
O desaparecimento dos corais também acarretaria a existência de menos criadouros para a pesca comercial e menos areia nas praias turísticas.

Fonte: Folha de São Paulo, 27/02/2011