sexta-feira, 25 de julho de 2008

Operação Impacto: Vereadores do PV queriam ser “liberados” para votar a favor dos vetos

Parlamentares eram pressionados pela sociedade e por Micarla de Sousa; apenas Edivan Martins votou contrariamente.

Por Karla Larissa

Na denúncia apresentada pelo Ministério Público contra os supostos envolvidos no esquema de corrupção investigado pela Operação Impacto, vereadores do PV chegaram a cogitar mudar de posição. No entanto, com a exceção de Edivan Martins (PV), os parlamentares não conseguiram a “liberação” por parte de Emílson Medeiros (PPS), considerado o mentor do esquema.
Os vereadores Aquino Neto, Júlio Protásio e Edivan Martins, todos do PV na época, estavam preocupados com a repercussão negativa que a apreciação do projeto vinha gerando em torno do partido, que é ligado às causas ambientais. Dessa forma, pensavam em uma forma de alterar a posição na votação.
Em interceptações telefônicas entre os vereadores Aquino Neto (PV) e Júlio Protásio (PV), os dois disseram que se Edivan Martins fosse “liberado”, eles também queriam ter “autorização” dos supostos mentores do esquema de corrupção para alterarem seus posicionamentos.“(...) o cara posar de bonzinho, é para liberar todo mundo (...)”, disse Aquino Neto, recebendo a resposta de Júlio Protásio: “(...) mas vai liberar alguém (...)”, apostou.
O vereador que seria “liberado” era Edivan Martins, que estava sendo sondado para ser o líder do prefeito na Câmara. O então líder do PV, inclusive, chegou a discutir com o vereador Dickson Nasser (PSB) sobre a possibilidade de assumir o lugar antes ocupado por Aluísio Machado (PSB).“(...) aí eu quero ver com você se tem futuro, se não tem... eu realmente não nutro assim nenhum... só se for um negócio combinado com você, se for interessante para os projetos da gente (...)”, disse Edivan a Dickson.
No depoimento do vereador do PV, no entanto, ele afirmou que “não tinha nenhum projeto com Dickson Nasser”. Com base nisso, o Ministério Público afirma que os “projetos da gente” citados por Edivan diziam respeito ao esquema de derrubada de vetos do Plano Diretor.
No início da tarde do dia 3 de julho de 2007, quando foram votados os vetos do prefeito às emendas do Plano Diretor de Natal, Edivan Martins ligou para o vereador Emílson Medeiros marcando um encontro com o parlamentar na residência do líder do PPS. Após a conversa, às 14h45, Emílson ligou para Dickson Nasser.
No telefonema o vereador Emílson Medeiros disse ao vereador Dickson Nasser que Edivan tinha pedido a “liberação” de dois vereadores do PV para a votação. Contudo, Emílson cobrou que fosse feita “pressão” nos parlamentares.“(...) tem que jogar pesado em cima dos outros (...)”, disse Emílson a Dickson, pedindo que o presidente da CMN pressionasse os outros vereadores para que não mudassem de opinião, como Edivan já havia informado que faria.
Pressão de Micarla
Durante a manhã do dia da votação dos vetos, a então presidente do PV, deputada Micarla de Sousa, solicitou que os parlamentares mudassem de postura na votação. Apenas Edivan – que já havia articulado a mudança – aceitou.Em contato com os vereadores Júlio Protásio e Aquino Neto, na época os dois do PV, Micarla ouviu que os dois parlamentares iriam conversar, mas que era difícil mudarem de posição.
A deputada, inclusive, teria oferecido a Júlio Protásio um discurso que seria preparado pela marqueteira Balila Santana, onde ele explicaria a mudança de postura. Porém, a deputada não teve sucesso.No fim da votação, Sargento Siqueira, Aquino Neto e Júlio Protásio, todos do PV, votaram pela derrubada dos vetos. Edivan Martins, que votou contra, hoje é o líder de Carlos Eduardo no Legislativo Municipal, mas, assim como outros 12 vereadores, foi denunciado por corrupção passiva.
Fonte: No Minuto.com - 25/07/2008 às 00h21min
COMENTÁRIO GUSTAVO SZILAGYI
Prezados amigos.

Gostaria de me dirigir a todos que acompanham este Blog para manifestar-me acerca do resultado da Operação Impacto. Gostaria de ressaltar que não falo pelo Partido Verde nem tenho procuração da Deputada Micarla de Souza para defende-la, porém gostaria de registrar aqui e fazer justiça a postura ética e correta da Deputada Micarla, que durante todo o processo de discussão do Plano Diretor, quando ainda exercia o cargo de vice-prefeita da capital, mesmo distante dos debates, manteve uma equipe de assessores participando, dando contribuições e ajudando na construção de um Plano Diretor mais justo para todos.
Através de seus assessores, a Deputada Micarla de Souza esteve durante todo o processo de revisão do Plano Diretor informada sobre os anseios da sociedade, tendo inclusive realizado varias reuniões comunitárias com a população, a fim de ouvir pessoalmente os reclames, as angustias e os apelos de cada comunidade acerca do PDN.
No dia da votação, mesmo distante (a deputada havia ido à São Paulo fazer exames de rotina e cuidar da saúde), a Deputada não se furtou a responsabilidade de participar do processo, ligando para os vereadores e tentando convencê-los a seguir a orientação do Partido e os anseios da sociedade. Infelizmente, a deputada Micarla de Souza, assim como seus correligionários do Partido Verde, o qual eu me incluo, foram traídos pelo voto dos Vereadores Julio Protásio, Aquino Neto e Edson Siqueira.
O Partido Verde não se fez de rogado: instaurou uma comissão de ética partidária para investigar os vereadores e, se apurado suas culpas, expulsá-los do partido.
Julio Protásio não aquentou a pressão, pediu para sair e filiou-se ao PSB; Aquino Neto e Edson Siqueira permaneceram no partido, foram advertidos e obrigados a desculparem-se publicamente com o Partido Verde, comprometendo-se a seguir as orientações do partido nas próximas votações.
Agora, com o resultado da Operação Impacto, o Partido Verde deverá pronunciar-se, em breve, acerca do que fará com os vereadores envolvidos neste esquema de corrupção.
É lastimável que coisas deste tipo estejam acontecendo, sobretudo em um partido com uma história tão limpa e marcada pela ética, pela verdade e pela luta contra as desigualdades sociais e contra a destruição da Natureza, sempre pleiteando por um desenvolvimento sustentável, como é o caso do Partido Verde.
Porém, como todo partido político, o PV é formado por homens, por tanto, passível de ser manchado por deslizes e desvio de caráter de um ou de outro. O que não se pode fazer é incorrer no erro de generalizar e colocar todos que fazem o PV na mesma cesta podre que alguns se meteram.

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