domingo, 17 de agosto de 2008

Chuvas podem ser mais intensas a cada ano

Temporais em Natal serão ainda maiores nos próximos anos, segundo cientistas Natal deve sofrer cada vez mais com temporais e enchentes ao longo dos próximos anos. A junção entre os efeitos do aquecimento global e a urbanização desordenada pinta um cenário sombrio para a questão do clima na cidade. Em agosto, a capital potiguar sofreu as chuvas mais intensas dos últimos 38 anos. Foram 315,1 milímetros até a última quarta-feira, um verdadeiro ‘‘massacre’’ pluviométrico para um centro urbano que, de acordo com especialistas da área, só tem capacidade de suportar até 120 milímetros por dia. O excesso de precipitações provoca caos na infra-estrutura urbana, com ruas alagadas, famílias desabrigadas e um agravamento na contaminação da água, em função da falta de tratamento adequado.
O geógrafo Gustavo Szilagyi culpa a emissão de calor da região pela quantidade de chuvas. ‘‘O aquecimento global é um ciclo natural da Terra, que está sendo agravado pelo comportamento humano, sobretudo o aumento da emissão de poluentes e de calor na atmosfera, e a redução das áreas verdes. Esse conceito também se aplica localmente. Numa cidade com cada vez mais fumaça e asfalto, e menos verde, a tendência é que se aumente o calor emitido, e isso volta para nós em forma de chuva’’, decreta.
Szilagyi teme que temporais como a da semana passada (que foi o mais intenso na cidade desde 1970) tornem-se mais rotineiros, num futuro próximo. ‘‘Nesse caso, precisaremos discutir como é que a cidade vai suportar isso. Todos os projetos de drenagem de Natal são feitos para que se suportem 120 milímetros em 24 horas. Na semana passada, houve um período em que choveram mais de 230 milímetros em menos de 36 horas’’, expõe.
O metereologista Gilmar Bistrot, da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn), acha que a população natalense pode ficar mais tranqüila com relação aos próximos dias. ‘‘Ao longo de toda a segunda quinzena de agosto, teremos menos dias de chuva e menor volume de chuva em cada um desses dias’’, explica.
Na opinião dele, o fenômeno climático pode ser creditado a uma coincidência de fatores, que inclui o comportamento dos oceanos e os ciclos de atividade do Sol. Segundo o especialista, a quantidade de manchas negras na superfície do astro reduz e aumenta ciclicamente, e essa oscilação se reflete em mudanças no nosso clima. ‘‘No momento, o Sol vive uma fase de poucas manchas. Por isso, o astro emite mais calor para a Terra. A água dos oceanos acumula esse calor, mas só até certo ponto. Quando os oceanos liberam o calor em forma de vapor d’água, as chuvas fortes acontecem’’, descreve. Na visão de Bistrot, os efeitos diretos do aquecimento global especificamente sobre a quantidade de chuvas ainda não estão completamente esclarecidos. Ele concorda, porém, que a emissão cada vez mais intensa de calor, em função de fatores naturais ou gerados pelo homem, poderá se refletir em mais chuvas intensas - como a que ocorreu em agosto -, ao longo dos próximos anos.
Bistrot pondera, entretanto, que um novo aumento na quantidade de manchas solares, mudança prevista para começar por volta de 2012, pode ajudar a reverter a deixar o clima menos chuvoso. ‘‘Com menos vapor sendo emitido pelo mar, essa quantidade de chuvas pode dimunuir, mas isso também vai depender de um número grande de fatores climatológicos’’, diz.




Fonte: O POTI, 17/08/2008

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