domingo, 16 de novembro de 2008

Drenagem Sustentável: Natal está preparada para discutir este tema?

Prezados amigos do blog Grito-Verde;

Gostaria de dividir com vocês algumas de minhas preocupações quanto ao futuro de nossa cidade. Para tanto, farei aqui algumas considerações quanto à matéria da drenagem sustentável.

Estamos em meio a elaboração do Plano Diretor de Drenagem e Manejo de Águas de Natal, e a sociedade, assim como durante a elaboração do Plano Diretor Urbanístico, tem deixado o tema passar desapercebido, não tem participado e em sua maioria, tem ignorado o fato.

Já foram realizadas três audiências públicas e quatro reuniões temáticas, além de um curso de uma semana no Centro de Treinamento Aluísio Alves para se discutir que modelo de drenagem urbana queremos para Natal, e convenhamos, a participação popular foi praticamente nula, mesmo os eventos tido sido amplamente divulgado nos jornais, sites, blogs, rádios e telejornais da cidade.

O PDDMA de Natal está em sua última fase de elaboração, que é a minuta final do texto que virará lei, e a partir de 2009 passará a ser aplicada pela Prefeitura do Natal em sua tomada de decisões e no planejamento da cidade. Ainda serão realizadas, oficialmente, mais uma audiência pública antes do projeto ser encaminhado ao CONPLAN e Câmara de vereadores.

Nós tentamos implementar a idéia de se investir sobretudo em micro-drenagem urbana com possível associação a macro-drenágem. Esta micro-drenagem estaria representada na construção de valas de infiltração e ampliação da cobertura arbórea em toda a cidade, visto ser a copa das árvores o primeiro obstáculo da água da chuva antes de chegar ao chão.

Estudos apontam para que uma rua bem arborizada tem 30% menos de chances de sofrer problemas de alagamento do que aquela sem cobertura vegetal, visto que a copa das árvores absorve boa parte das águas precipitadas, canalizando estas pelos seus troncos e caule até suas raízes, promovendo a infiltração e renovação do lençol freático. A água que finda por escorrer e promover o runoff, são decorrentes do excedente da água precipitada e da saturação do solo após certo período de tempo de forte contribuição hídrica.

É certo que plantar árvore como uma medida de aporte a micro-drenagem de uma cidade não agrada aos engenheiros e gestores, visto que não precisa da elaboração de um Mega Projeto de Drenagem, que envolva custos e acumulo de capital para estes. Não custa muito, onerando os gastos públicos, e não permite o uso da obra como status de quem foi o "pai da idéia" ou "pai da obra" em sí.

Não preciso dizer que esta idéia foi rechaçada na hora pelos engenheiros e equipe técnica presente nas reuniões e audiências públicas realizadas no ato de elaboração do PDDMA, todos defensores das lagoas de captação e dos projetos de macro-drenagem, como a construção de túneis e emissários submarinos.

Tem faltado apoio popular, idéias novas e revolucionárias. Têm faltado estudos, pareceres e laudos técnicos que venham enriquecer e dar uma contribuição à construção deste importante elemento que servirá ao ordenamento e crescimento urbano de nossa cidade.

Hoje Capim Macio é apenas mais uma vítima, assim como Nossa Senhora da Apresentação, Cidade Jardim e a Ribeira. No Bairro do Planalto, para se ter uma idéia, 40% dos esgotos domésticos produzidos pelo bairro escorrem in natura para dentro do Rio Pitimbu, enquanto que os outros 60% infiltram no solo. Não custa lembrar que o Rio Pitimbu drena suas águas para a Lagoa do Jiqui, que serve Capim Macio e 60% da cidade do Natal com suas águas através do serviço de distribuição de águas da CAERN.

O que adianta a cidade do Natal se mobilizar pelas árvores de Capim Macio se a população de Capim Macio, a maior interessada, não se mobiliza em peso por esta luta, muito menos está interessada em discutir o problema do bairro do Planalto e sua falta de rede de esgotos, assim como não quis saber do corte indiscriminado de mais de 10 hectares de mata nativa e aterramento de 02 pequenas lagoas promovida pela construtora ECOCCIL na ZPA 05-Lagoinha, em 2003/2004?. "Que se exploda o Planalto!", foi o que ouvi de um morador de Capim Macio com quem tive o desagrado de discutir durante uma das audiências públicas. Mesmo morador que, ao lado de outros, compareceu em uma audiência pública em 2004 para se discutir o problema de Lagoinha, e fez questão de defender o “progresso” – “Para quê aquele monte de mato? Tem que cortar mesmo!”. Nunca me esquecerei destas frases..,

Não quero discutir apenas o abate destas árvores, nem mesmo apenas a construção desta ou das cinco outras lagoas que a Prefeitura do Natal está construindo no bairro de Capim Macio para resolver de uma vez por todas os problemas de alagamento deste importante bairro. Quero debater também o futuro dos próximos projetos de Drenagem que serão implantados em toda a cidade. Quero discutir a urgência do Saneamento Ambiental do Bairro do Planalto. Quero debater o Plano Diretor de Arborização da cidade do Natal, que até hoje não saiu do papel. Quero debater a construção de uma cidade sustentável para mim e para todos os natalenses.

Discutir apenas Capim Macio por discutir não me serve, e não contribui para o desenvolvimento sustentável de toda a cidade do Natal.

Atenciosamente;

Gustavo Szilagyi

Nenhum comentário: