quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Recursos Hídricos vai elaborar projeto para conter cheias em Ipanguaçu

O Governo do Estado, através da Secretaria estadual do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos vai elaborar projeto de macrodrenagem na Ilha de Ipanguaçu e desobstrução do leito do rio Pataxó. O estudo, direcionado à microrregião do Vale do Açu, pretende beneficiar a população do município de Ipanguaçu e comunidades adjacentes, que sofrem periodicamente com as enchentes. O processo licitatório para contratação de consultoria especializada no assunto já foi iniciado.
De acordo com o secretário estadual do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos e vice-governador Iberê Ferreira de Souza, neste primeiro momento será elaborado o projeto básico com recursos provenientes do Governo do Estado e Ministério da Integração Nacional. “Concluído o projeto, o governo irá buscar parcerias para viabilizar a execução das obras”. Segundo ele, o estudo ficará pronto em meados deste ano.
A ilha de Ipanguaçu é atingida com as cheias do rio Açu e do rio Ipanguaçu. Quando as enchentes são simultâneas, as conseqüências são ainda mais graves. As obras para resolver o problema deverão ser focadas na retirada de vegetação invasora e limpeza de todos os detritos acumulados no leito do rio Pataxó. Além disso, deverá ser feita a reconstituição do leito rio, através da retirada da areia e outros materiais depositados.
Em janeiro de 2004, a região sofreu com as fortes chuvas, que deixaram 75% do município de Ipanguaçu debaixo d’água. Na ocasião, a cidade teve que ser praticamente reconstruída para atender as mais de 500 famílias que ficaram desabrigadas. Os prejuízos econômicos também foram extensos, já que a enchente destruiu plantações e áreas agrícolas da localidade, banhada pelos rios Pataxó e Açu.
O vice-governador e também secretário informou que o estudo favorecerá uma região caracterizada pela prática agrícola, com áreas de plantio familiar e empresarial. O Vale do Açu é muito importante tanto do ponto de vista demográfico como econômico, o que faz o problema das cheias ter consequências ainda maiores”, explica.

Fonte: DN ON LINE - 24/01/2008


COMENTÁRIO (Gustavo Szilagyi)


Quem conhece a região do Vale do Assu sabem muito bem quais são seus problemas e o que se deve fazer para resolver e/ou mitigar seus efeitos. A história nos mostra, escrita ou fotografada, como era a paisagem do Vale do Assu e como se deu a sua ocupação ao longo destes quatro séculos de colonização.
Durante este período, a vegetação de mata galeria que compunha uma densa floresta de carnaubais foi paulatinamente sendo retirada, tendo sua lenha sido usada na construção de casas, na produção de energia (queima em fornos e fogões) ou construção de cercas nas propriedades.
As áreas de floresta derrubadas passaram a ser ocupadas por ruas e casas, e desta forma a mata de galeria passou a dar lugar a povoados, vilas e posteriormente a cidades. Ipanguaçu é apenas mais uma destas cidades que hoje ocupa o que outrora constituía uma linda e densa floresta de carnaúbas, e que como rege a dinâmica das matas galerias, periodicamente, principalmente nas grandes cheias do Rio Piranhas/Assu, esta cidade e seus povoados ficam embaixo d'água.
E agora, qual a solução? O que fazer para evitar as cheias que inundam as cidades do Vale do Assu, como Ipanguaçu e Pendências, por exemplo?!
Faz-se necessário urgente remanejamento daquelas populações que residem nas porções mais baixas, principalmente aquelas ribeirinhas, sendo realizada a recuperação completa da mata ciliar do Rio Piranhas/Assu e seus tributários. É importante, também, a realização de dragagem das calhas fluviais, a fim de aumentar a capacidade de vazão destas e reduzir o tempo de cheia, diminuindo desta forma os prejuízos gerados pelo extravasamento lateral dos rios.
Não menos importante, é investir em programas intensivos de Educação Ambiental junto à população local, mostrando-lhes os prejuízos gerados pela falta de consciência ambiental, no momento em que se joga lixo no leito dos rios ou mesmo nas valas de drenagem, que convertem suas águas para aqueles.
Estas ações podem até não resolverem todos os problemas das periódicas cheias do Piranhas/Assu, más que trarão enormes alívios a população e aos gestores públicos, isso vai.

Nenhum comentário: