domingo, 24 de maio de 2009

Natalense consome água imprópria

Alta concentração de nitrato nos poços abrange todas as regiões da capital e preocupa os especialistas
Por Gabriela Freire


A contaminação da água de Natal por nitrato já atinge toda a população da capital potiguar. E mais: pelo menos as próximas duas gerações estão condenadas a consumir água impura. A alta concentração da substância - obtida na decomposição das fezes - nos poços que abastecem a cidade provocou uma série de medidas, algumas inéditas no país, como a redução no valor da conta de água, que, pelo que afirma o geólogo Reinaldo Petta, não vai exterminar o problema. Mesmo assim, a Companhia de Águas e Esgotos do Estado (Caern) segue com um trabalho cujo foco é normalizar o nível de nitrato por cada litro de água que chega até as casas dos natalenses.

A Organização Mundial de Saúde define que, se a água apresentar concentração de nitrato acima de 10mg/l deixa de ser potável. A água é considerada potável quando é própria para o consumo sem apresentar risco à saúde humana. Em Natal, alguns poços chegam a apresentar mais de 30mg/l. "O problema do nitrato nas águas de Natal é antigo. Tem mais de 15 anos. O que chama a atenção é o nível de contaminação, muito superior ao de cidades como João Pessoa, Fortaleza e Recife, que sofrem com o mesmo problema", alertou Reinaldo Petta.

Para reverter esse quadro, a Caern desativou 26 poços de abastecimento de água nos últimos anos. "Por meio do monitoramento, a empresa detecta os pontos específicos onde o nitrato tem índices acima de 10 mg/l, informando aos consumidores através das contas mensais de água e esgotos. Nas contas constam os índices de cloro residual, coliformes totais, nitratos, P.H e turbidez, bem como os valores mínimos e máximos, de acordo com a portaria do Ministério da Saúde", destacou a assessoria de imprensa da companhia.

Cumulativo

O problema, como aponta Petta, é que o nitrato presente nos poços de Natal vai durar para sempre. "É cumulativo", diz. A solução encontrada pela Caern, para garantir a distribuição de água potável para a população de Natal, é a diluição do produto captado em alguns poços.

Lençol freático quase totalmente poluído

Hoje, o lençol freático que abastece Natal está quase totalmente poluído, afirma Reinalo Petta. Apesar de muitos apontarem o saneamento de toda a cidade como solução para o problema de contaminação da água, o geólogo é fatalista. "Se Natal for 100% saneada, não haverá uma recarga adequda no aquífero e em pouco tempo não vai ter água suficiente para a população. Nem o povo, nem a classe política pode fazer nada", disse.

Adutora beneficiará mais de 400 mil pessoas

A nova adutora do Jiqui é a "carta na manga" da administração estadual para resolver o problema de contaminação por nitrato em Natal. Seus 14 km de extensão atenderão 405 mil habitantes em 19 bairros das zonas Sul e Leste. A água distribuída pela adutora vai diluir o produto captado em alguns poços de Natal que apresentam teor de nitrato acima de 10 mg/litro, além de ampliar a produção de 1.400 para 2.600 metros cúbicos por hora. De acordo com informações da Caerm, 90% da obra já está concluída.

Para atender alguns pontos dos conjuntos Gramoré e Pajuçara na Zona Norte, onde foi registrada a presença do nitrato acima de 10 mg/litro, a Caern iniciou a construção uma adutora, com três km de extensão, para transportar água captada através de quatro poços já perfurados à margem esquerda do Rio Doce, onde não há presença de nitrato.

Fonte: Diário de Natal, 24 de maio de 2009

COMENTÁRIOS Gustavo Szilagyi

Esta adutora não servirá de nada se o Rio Pitimbu continuar a ser degradado da forma como está sendo.
Quase 100% dos esgotos domésticos do Bairro Planalto são jogados de forma in natura no Rio Pitimbu. 30% dos esgotos de Parnamirim também escoam em sua forma pura e concentrada para dentro daquele rio. Atrelado a isso ainda estão as pocilgas de porcos, galinheiros e currais de gado situados as margens do Pitimbu. Isso sem falar dos constantes processos de assoreamento gerados pela instalação dos empreendimentos das grandes "defensoras" do meio ambiente, as construtoras.
Infelizmente, não consigo deixar de vislumbrar um futuro negro para Natal se continuarmos nas mãos da CAERN e da bancada do Concreto Potiguar.

Um comentário:

Hdirvduyp Bilnp disse...

Me permita e me corrija se estou equivocado ou se sou um desconhecedor dos fatos. Vc diz ser um defensor das causas ambentais. Por não conhecer seus feitos a favor do ambiente, exceto este blog,e por este, meus elogios. Vc aponta "a" e "b" esquecendo do própio "umbigo". Há algo chamado "plano diretor" que não é gerido por quem vc acusa. Vc deve ter avaliado este "plano" o que era e como está, para adequar 'as necessidades que tanto contriuem para degradar uma fonte de água que proporciona qualidade e quantidade 'as nossas necessidades. Ao invés de unirmos em prou do coletivo, somos inresponsáveis quando deria ser ao contrário, cada um com sua parcela ou por omissão ou ganância. Tb, sou a favor do ambiente: trabalho em sala climatizada,equipada com tudo que vai de encontro desfavorável ao ambiente, meu deslocamento é veicular, o maderamento do meu teto é cedro, os moveis de ceregeira e o assoalho em mogno. Ainda não tive tempo de plantar uma árvore para compensar a minha ideologia de pro verde.