domingo, 24 de maio de 2009

ASSOREAMENTO AMEAÇA RIO POTENGI

Mesmo sendo dragado 24 horas em vários pontos de seu curso, o nível de assoreamento do Rio Potengi é tão alto que bastam os períodos de cheia do rio para que enormes bancos de areia se formem ao longo de seu curso.
Isso dá uma amostra do tamanho do impacto gerado pelo homem no momento em que promove o desmatamento das matas ciliares dos rios, retirando de suas margens aquela vegetação que irá proteger o rio de se "afogar" em meio a tanta areia e material que é transportado para dentro de seu leito.
O Rio Potengi nasce na Serra de Santana, mais especificadamente no Município de Serro Corá, percorrendo mais de 120 km até sua foz, quando encontra-se com o Oceano Atlântico, no Município de Natal. Nestes 120km, o Rio Potengi vem transportando de tudo o que é despejado em seu leito: areia, barro, entulho de cerâmicas, lixo, esgoto, animais mortos... Enfim, o que estiver em seu caminho é carreado do alto curso em direção ao baixo curso, depositando-se próximo as suas margens e, sobre tudo, na área de manguezal, situado no estuário.
Em aula recente com alunos do curso de Engenharia Civil da Universidade Potiguar, visitamos no Município de São Gonçalo do Amarante uma mineradora que explora, via dragagem, o material arenoso utilizado na Construção Civil, e que abastece o Município de Natal.
Nesta oportunidade, pudemos acompanhar como é feito o trabalho de dragagem do rio e ver, in loco o tamanho do impacto gerado pela ocupação irregular das margens do Rio Potengi. Esta ocupação provoca mais assoreamento seja por fazendeiros da região, ou pelo crescimento das cidades e distritos locais.
A draga retira diariamente cerca de 50 caminhões de 05 m3 de areia bruta, o que dá em torno de 250 m3/dia. Na área onde é feito a dragagem, surge um "lago" com 08 metros de profundidade, que no dia seguinte já está completamente assoreado.
Para este tipo de atividade, esta rápida "reposição" de sedimentos é fundamental, vez que garante a produção e comercialização do produto (devidamente licenciado junto aos órgãos ambientais do estado e da União), no entanto, para o rio, este volume de material é um triste sinal de que algo não está bem.
Se formos pensar então que este material constituía uma densa capa de solo em áreas emersas situadas no agreste potiguar, e que devido aos processos erosivos foram perdidos no momento em que são carreados para dentro do rio, configura-se um retrato ainda mais triste. As marcas do processo erosivo não ficaram apenas na bucólica paisagem do sertão, ou no imaginário do home do campo, mas sobretudo, ficaram marcadas no trabalho do sertanejo, que terá suas melhores terras varridas para sempre pelas águas da esperança de uma boa safra.

Um comentário:

Anônimo disse...

É revoltante um negocio desses cara. Ninguém tem um pingo de respeito !