Os raios UV (Ultravioleta) atingiram ontem seus índices mais altos em 14 capitais brasileiras, segundo a Somar Meteorologia, que há 15 anos produz a previsão do tempo para redes de televisão. O problema é que Natal estava entre 11 dessas capitais que atingiram o “nível 14”, o máximo na escala de exposição, que vai de 5 a 14.
Os níveis mais elevados foram anotados ontem às 10 horas em Brasília, Aracaju, Belém, Belo Horizonte, Boa Vista, Fortaleza, João Pessoa, Macapá, Maceió, Natal, Palmas e Recife.
Com nível 13 na escala, estavam Rio de Janeiro e Vitória e, com nível 11, ainda considerado extremo, vinha Porto Alegre. As capitais menos afetadas (nível 5), foram São Paulo, Florianópolis, Curitiba e Campo Grandes, seguidas no nível 6 por Cuiabá, Manaus, Porto Velho, Rio Branco, Salvador, São Luís e Teresina.
O professor Eugênio Mariano Medeiros, do Departamento de Arquitetura da UFRN, explica, que Natal tem colaborado de todas as maneiras para atingir níveis recordes de exposição aos raios UV, grandes responsáveis pelo câncer de pele, além de outros prejuízos. “A verdade é que temos aversão cultural às árvores e uma paixão pelo ar condicionado”, afirma.
Entre 2000 a 2004, o professor Medeiros realizou um estudo relacionando o aumento gradativo da incidência dos raios ultravioletas em Natal com a desarborização. Na época, de acordo com o estudo, foram retiradas 131 árvores das vias do Centro, Tirol e Petrópolis em apenas dois anos e de lá para cá a cobertura vegetal vem sendo exposta “a todo o tipo de maus tratos”, acrescenta.
Na época, o professor alertou que se o processo de desarborização continuasse, “dentro de três anos a cidade terá sérios problemas de alteração climática e de saúde pública”.
Segundo ele, as árvores são capazes de reduzir em até 60% os efeitos da fotoexposição. E alertou: os índices elevados de radiação colocam Natal no mesmo patamar de regiões com alta incidência de raios ultravioleta, como a Cordilheira dos Andes e o Himalaia. Como Natal está geograficamente próxima à linha do Equador, onde os raios UV são mais intensos, sem a proteção das árvores os raios atingem diretamente as pessoas. “Os raios entram na pele, alteram a sequência do DNA no momento da divisão celular, provocando sua acelerada e anormal multiplicação celular, produzindo câncer, melanoma, carcinomas e envelhecimento.
Ontem, o professor Eugênio Mariano, não pareceu surpreso com o resultado da medição da empresa Solar Meteorologia. “Há anos estamos plantando essa situação com a nossa cultura de enxergar plantas como adornos decorativos e não como defesas essenciais à alta exposição ao sol”. E resume: “Para o natalense, ar condicionado no carro e em casa resolve todos os problemas”.
Fonte: tribuna do Norte, 24/02/2010
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