Tratamento do lixo não é adequado
Valdir Julião - Repórter
O funcionamento do aterro sanitário situado no distrito de Massaranduba, no município de Ceará Mirim e distante 22 quilômetros de Natal, voltará a ser questionado na Câmara Municipal, porque a empresa Braseco encarregada de sua operação, não está fazendo todo o tratamento do lixo, principalmente, a queima do gás metano e de outros gases poluentes da atmosfera.
Valdir Julião - Repórter
O funcionamento do aterro sanitário situado no distrito de Massaranduba, no município de Ceará Mirim e distante 22 quilômetros de Natal, voltará a ser questionado na Câmara Municipal, porque a empresa Braseco encarregada de sua operação, não está fazendo todo o tratamento do lixo, principalmente, a queima do gás metano e de outros gases poluentes da atmosfera.
O diretor-presidente da Braseco, engenheiro de Minas Henrique Muniz Dantas, recebeu a equipe da TRIBUNA DO NORTE no aterro sanitário de Ceará Mirim, onde admitiu, realmente, que não está fazendo a queima do gás metano “por questão de segurança”, pois as bocas dos “flaires” - tipo de canalização que vêm do interior das células de lixos aterrados - ainda não possuem interligação com um sistema único, uma espécie de usina, em que se faça à queima do metano e outros gases. Henrique Dantas disse que a Braseco está negociando com uma empresa estrangeira – não quis divulgar o nome porque tudo ainda está na fase inicial – para dotar o aterro sanitário de um sistema de queima do gás de forma a ser reaproveitado como gerador de energia.
Como a empresa não tem aporte financeiro para bancar o projeto sozinho, ele disse que uma associação com essa empresa estrangeira será possível captar os recursos necessários a sua implantação, cerca de US$ 2 milhões. Essa deficiência no tratamento do lixo deverá ser discutida em audiência pública proposta pelo vereador Fernando Lucena. Ele disse que já nesta segunda-feira (21), vai propor à mesa diretora da Câmara Municipal a realização de uma audiência pública para debater o que ele classifica de “crime ambiental”.
Para Lucena, da maneira que o chamado aterro sanitário está funcionando, “não passa de um simples lixão onde os resíduos sólidos estão sendo enterrados”, com apenas uma diferença do antigo “lixão” de Cidade Nova, em Natal - a ausência de urubus e catadores de lixo: “Enterrar o lixo é o mínimo, por isso o urubu vai embora”.
Na opinião de Lucena, a prefeitura de Natal “está pagando uma fortuna para ter um aterro controlado”, e acusa a Braseco de estar contribuindo “para um desastre ambiental gravíssimo”, porque a produção de gás “é 90% responsável pela poluição”. Além de não queimar o gás metano, Lucena afirma que o aterro não está realizando o tratamento adequado do chorume - líquido poluente, de cor escura e odor nauseante, originado de processos biológicos, químicos e físicos da decomposição de resíduos orgânicos.
Henrique Dantas rebateu essa informação, chegando inclusive a mostrar à equipe da TRIBUNA DO NORTE os tanques para onde é escoado o chorume. Ele disse que não há problema de vazamento e que não existe nenhum furo no plastico especial que reveste a camada do solo. Segundo ele, depois de passar por decantação, o chorume volta para dentro das células, no ciclo de ida e volta para facilitar a sua depuração no interior do aterro. “A água que a gente bebe é daqui mesmo do aterro”, contou ele, para atestar a qualidade no tratamento dado ao lixo no aterro sanitário. Na área, existes poços tubulares cuja água é testada regularmente por uma empresa de Fortaleza (CE).
Dantas ainda explicou que das duas balanças existente no aterro sanitário, só uma estava funcionando porque a outra estava aguardando reparos, mas disse que uma só dava conta do serviço, embora por ocasião da visita da equipe da TRIBUNA DO NORTE pelo menos cinco caminhões carregados de lixo esperavam passar pela balança.
A TN ouviu o Instituto Estadual de Defesa do Meio Ambiente (Idema-RN), o qual respondeu, por intermédio de sua assessoria de imprensa, que vai mandar uma fiscalização para o aterro sanitário. O órgão informou, também, que a Braseco já pediu a renovação da licença ambiental e que enquanto o processo continua em tramitação, continua valendo a atual licença ambiental. Fundada em 1995, a Braseco é a empresa que opera o Aterro Sanitário da Região Metropolitana de Natal. Através de uma licitação, ganhou em 1996 a concessão para tratamento e destinação final dos resíduos sólidos urbanos, em especial do município de Natal, por um período de 20 anos.
O Aterro Sanitário começou a receber lixo, efetivamente, em 25 de junho de 2004, nove anos depois de vencida a licitação, após superar uma série de entraves operacionais, burocráticos e políticos.
A falta de um local adequado para a instalação de um Aterro Sanitário em Natal levou a obra para o município de Ceará-Mirim, a 22 quilômetros da capital, em uma área com 90 hectares no distrito de Massaranduba.
Nem a Justiça conseguiu acabar “lixão” da Cidade Nova
Mesmo com a determinação judicial para a sua retirada, uma parte dos resíduos sólidos produzidos em Natal continua acumulado no antigo e desativado “lixão” de Cidade Nova, na região Oeste da cidade. O procurador do Meio Ambiente, João Batista Machado, sobrevoou quinta-feira passada a área e constatou que “o lixo continua lá”.
O promotor já comunicou ao juíz da 18ª Vara Cível que a Companhia Municipal de Serviços Urbanos (Urbana), a quem cabe a responsabilidade de remover o lixo, “está desrespeitando a liminar” concedida em 16 de dezembro do ano passado a pedido do Ministério Público Estadual (MPE).
A juíza Andréa Régia Heronildes despachou na ação de nº 001.1-.407652-7, no sentido de que a própria Urbana encaminhe ao juízo, no prazo de 15 dias, relatório técnico com fotografias, “relatando a situação ambiental do lugar e esclarecendo se ainda há acúmulo de lixo na área”.
O diretor presidente da Urbana, Bosco Afonso, disse que o acumulo de lixo na estação de transbordo se deve porque não é possível a entrada de muitos caminhões e carretas carregadas de resíduos sólidos no aterro sanitário de Ceará Mirim.
Tanto a Urbana como o seu diretor, segundo a decisão judicial, têm de pagar uma multa diária de R$ 2 mil pelo descumprimento da sentença – a retirada imediata do lixão acumulado na estação de transbordo.
Bosco Afonso diz que não cabe a Urbana fiscalizar o funcionamento do aterro sanitário, mas confirmou que se houver algum problema por lá preocupa, porque comprometer a coleta e destinação final dos resíduos sólidos. Ele disse que em ocasiões de dificuldade de acesso ao aterro, como em período de chuvas, “já teve caminhão que ficou esperando cinco horas” para poder entrar no aterro.
A Urbana confirmou que está cumprindo o acordo para o repasse dos recursos que atrasaram nove meses, no ano passado. A prefeitura paga pelo serviço prestado cerca de R$ 1 milhão. por mês.
Apenas 9,2% do lixo produzido do RN vai para aterros sanitários
O Rio Grande do Norte coleta 2.374 toneladas por dia de lixo, dos quais apenas 220 toneladas/dia (9,2%) vão para aterros sanitários, é o que aponta diagnóstico feito em outubro de 2010, incluído no relatório de perícia técnica feita pelo Laboratório de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (Larhisa), do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) divulgado em dezembro desse mesmo ano. Além disso, o estudo mostra que somente 5,4% dos 167 municípios do Estado destinam os seus resíduos sólidos de forma correta – em aterros sanitários.
O mesmo estudo assinado pelos engenheiros civil e agrônomo, Luiz Pereira de Brito e Acácio Sânzio de Brito, que são, respectivamente, doutor e mestre em Engenharia Sanitária e Gestão Ambiental, mostra que 94,6% (158) dos municípios destinam seus lixos de forma inadequada: em lixões a céu aberto.
Segundo o estudo, um atenuante a este fato é que os nove municípios representam 47,47% do total da população norteriograndense.
O mesmo relatório aponta que, até 2009, somente os municípios de Mossoró, Ceará Mirim, Extremoz, Ielmo Marinho, Macaíba, Natal, Parnamirim, Rio do Fogo e São Gonçalo do Amarante possuem formas adequadas de disposição dos resíduos sólidos urbanos, o que representam 5,4%, o que também é possível, na Região Metropolitana de Natal, devido o aterro sanitário de Massaranduba, em Ceará Mirim.
O trabalho desenvolvido com o apoio da UFRN e do governo estadual permitiu se fazer a hierarquização da situação ambiental encontrada nos 167 municípios do Estado no que diz respeito às áreas de disposição final dos resíduos sólidos urbanos, a fim de possibilitar ao Estado do desenvolver e aprimorar mecanismos de controle da poluição ambiental causada pelos resíduos sólidos urbanos।
Como a empresa não tem aporte financeiro para bancar o projeto sozinho, ele disse que uma associação com essa empresa estrangeira será possível captar os recursos necessários a sua implantação, cerca de US$ 2 milhões. Essa deficiência no tratamento do lixo deverá ser discutida em audiência pública proposta pelo vereador Fernando Lucena. Ele disse que já nesta segunda-feira (21), vai propor à mesa diretora da Câmara Municipal a realização de uma audiência pública para debater o que ele classifica de “crime ambiental”.
Para Lucena, da maneira que o chamado aterro sanitário está funcionando, “não passa de um simples lixão onde os resíduos sólidos estão sendo enterrados”, com apenas uma diferença do antigo “lixão” de Cidade Nova, em Natal - a ausência de urubus e catadores de lixo: “Enterrar o lixo é o mínimo, por isso o urubu vai embora”.
Na opinião de Lucena, a prefeitura de Natal “está pagando uma fortuna para ter um aterro controlado”, e acusa a Braseco de estar contribuindo “para um desastre ambiental gravíssimo”, porque a produção de gás “é 90% responsável pela poluição”. Além de não queimar o gás metano, Lucena afirma que o aterro não está realizando o tratamento adequado do chorume - líquido poluente, de cor escura e odor nauseante, originado de processos biológicos, químicos e físicos da decomposição de resíduos orgânicos.
Henrique Dantas rebateu essa informação, chegando inclusive a mostrar à equipe da TRIBUNA DO NORTE os tanques para onde é escoado o chorume. Ele disse que não há problema de vazamento e que não existe nenhum furo no plastico especial que reveste a camada do solo. Segundo ele, depois de passar por decantação, o chorume volta para dentro das células, no ciclo de ida e volta para facilitar a sua depuração no interior do aterro. “A água que a gente bebe é daqui mesmo do aterro”, contou ele, para atestar a qualidade no tratamento dado ao lixo no aterro sanitário. Na área, existes poços tubulares cuja água é testada regularmente por uma empresa de Fortaleza (CE).
Dantas ainda explicou que das duas balanças existente no aterro sanitário, só uma estava funcionando porque a outra estava aguardando reparos, mas disse que uma só dava conta do serviço, embora por ocasião da visita da equipe da TRIBUNA DO NORTE pelo menos cinco caminhões carregados de lixo esperavam passar pela balança.
A TN ouviu o Instituto Estadual de Defesa do Meio Ambiente (Idema-RN), o qual respondeu, por intermédio de sua assessoria de imprensa, que vai mandar uma fiscalização para o aterro sanitário. O órgão informou, também, que a Braseco já pediu a renovação da licença ambiental e que enquanto o processo continua em tramitação, continua valendo a atual licença ambiental. Fundada em 1995, a Braseco é a empresa que opera o Aterro Sanitário da Região Metropolitana de Natal. Através de uma licitação, ganhou em 1996 a concessão para tratamento e destinação final dos resíduos sólidos urbanos, em especial do município de Natal, por um período de 20 anos.
O Aterro Sanitário começou a receber lixo, efetivamente, em 25 de junho de 2004, nove anos depois de vencida a licitação, após superar uma série de entraves operacionais, burocráticos e políticos.
A falta de um local adequado para a instalação de um Aterro Sanitário em Natal levou a obra para o município de Ceará-Mirim, a 22 quilômetros da capital, em uma área com 90 hectares no distrito de Massaranduba.
Nem a Justiça conseguiu acabar “lixão” da Cidade Nova
Mesmo com a determinação judicial para a sua retirada, uma parte dos resíduos sólidos produzidos em Natal continua acumulado no antigo e desativado “lixão” de Cidade Nova, na região Oeste da cidade. O procurador do Meio Ambiente, João Batista Machado, sobrevoou quinta-feira passada a área e constatou que “o lixo continua lá”.
O promotor já comunicou ao juíz da 18ª Vara Cível que a Companhia Municipal de Serviços Urbanos (Urbana), a quem cabe a responsabilidade de remover o lixo, “está desrespeitando a liminar” concedida em 16 de dezembro do ano passado a pedido do Ministério Público Estadual (MPE).
A juíza Andréa Régia Heronildes despachou na ação de nº 001.1-.407652-7, no sentido de que a própria Urbana encaminhe ao juízo, no prazo de 15 dias, relatório técnico com fotografias, “relatando a situação ambiental do lugar e esclarecendo se ainda há acúmulo de lixo na área”.
O diretor presidente da Urbana, Bosco Afonso, disse que o acumulo de lixo na estação de transbordo se deve porque não é possível a entrada de muitos caminhões e carretas carregadas de resíduos sólidos no aterro sanitário de Ceará Mirim.
Tanto a Urbana como o seu diretor, segundo a decisão judicial, têm de pagar uma multa diária de R$ 2 mil pelo descumprimento da sentença – a retirada imediata do lixão acumulado na estação de transbordo.
Bosco Afonso diz que não cabe a Urbana fiscalizar o funcionamento do aterro sanitário, mas confirmou que se houver algum problema por lá preocupa, porque comprometer a coleta e destinação final dos resíduos sólidos. Ele disse que em ocasiões de dificuldade de acesso ao aterro, como em período de chuvas, “já teve caminhão que ficou esperando cinco horas” para poder entrar no aterro.
A Urbana confirmou que está cumprindo o acordo para o repasse dos recursos que atrasaram nove meses, no ano passado. A prefeitura paga pelo serviço prestado cerca de R$ 1 milhão. por mês.
Apenas 9,2% do lixo produzido do RN vai para aterros sanitários
O Rio Grande do Norte coleta 2.374 toneladas por dia de lixo, dos quais apenas 220 toneladas/dia (9,2%) vão para aterros sanitários, é o que aponta diagnóstico feito em outubro de 2010, incluído no relatório de perícia técnica feita pelo Laboratório de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (Larhisa), do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) divulgado em dezembro desse mesmo ano. Além disso, o estudo mostra que somente 5,4% dos 167 municípios do Estado destinam os seus resíduos sólidos de forma correta – em aterros sanitários.
O mesmo estudo assinado pelos engenheiros civil e agrônomo, Luiz Pereira de Brito e Acácio Sânzio de Brito, que são, respectivamente, doutor e mestre em Engenharia Sanitária e Gestão Ambiental, mostra que 94,6% (158) dos municípios destinam seus lixos de forma inadequada: em lixões a céu aberto.
Segundo o estudo, um atenuante a este fato é que os nove municípios representam 47,47% do total da população norteriograndense.
O mesmo relatório aponta que, até 2009, somente os municípios de Mossoró, Ceará Mirim, Extremoz, Ielmo Marinho, Macaíba, Natal, Parnamirim, Rio do Fogo e São Gonçalo do Amarante possuem formas adequadas de disposição dos resíduos sólidos urbanos, o que representam 5,4%, o que também é possível, na Região Metropolitana de Natal, devido o aterro sanitário de Massaranduba, em Ceará Mirim.
O trabalho desenvolvido com o apoio da UFRN e do governo estadual permitiu se fazer a hierarquização da situação ambiental encontrada nos 167 municípios do Estado no que diz respeito às áreas de disposição final dos resíduos sólidos urbanos, a fim de possibilitar ao Estado do desenvolver e aprimorar mecanismos de controle da poluição ambiental causada pelos resíduos sólidos urbanos।
Fonte: Tribuna do Norte, २०/०२/२०११.
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