quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

A economia de energia elétrica com o aquecedor solar pode chegar a 70%

Abro espaço aqui no BLOG para divulgar um projeto de lei, no mínimo revolucionário, criada pela prefeitura da cidade de São Paulo, e que cria a obrigatoriedade do aquecimento de água pela luz solar para os novos imóveis que possuam quatro ou mais banheiros. Creio que se esta nova lei pegar, esta poderá ser uma excelente oportunidade de difundir o aproveitamento da energia solar nas obras de engenharia em todo o país, gerando economia de água e energia elétrica de origem hidrelétrica.
Gustavo Szilagyi
Lei que exige aquecimento solar em São Paulo gera polêmica entre especialistas


Por Murilo Alves Pereira


O aquecimento da água de imóveis novos com quatro ou mais banheiros, na cidade de São Paulo, deve contar com uma ajudinha do sol nos próximos meses. É o que prevê um decreto que começa a valer em 21 de julho deste ano. O texto, que inclui também a instalação de piscinas aquecidas, regulamenta a lei 14.459/07. Polêmica, a nova lei tem gerado divergência entre especialistas.
Os defensores da iniciativa argumentam que a economia estimada de energia elétrica com o aquecimento da água pela luz solar, em sistemas bem dimensionados, chega a 70%. A fonte alternativa ajudaria principalmente no horário de pico (entre 18h e 20h), quando todo mundo resolve tomar banho e o chuveiro elétrico consome cerca de 60% da eletricidade do país, segundo pesquisa da Eletrobrás divulgada em 2007, que abrangeu 18 estados e 21 concessionárias, representando 92% do mercado. Reduzir um pouco essa conta pode ser um passo em direção à sustentabilidade.
Mas há quem discorde. Uma das questões levantadas pelos críticos é a falta de conhecimento técnico sobre o sistema. "A tecnologia dos painéis solares está pronta, mas falta uma solução completa para o sistema de aquecimento como um todo", critica o engenheiro civil Roberto Lamberts, pesquisador do Laboratório de Eficiência Energética em Edificações, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Para Lamberts, o aquecimento solar é um item importante para a eficiência energética na construção civil, mas é preciso conhecer melhor seu funcionamento e informar os usuários sobre suas particularidades, para que sejam evitados erros de instalação e de operação. É o que pensa também o engenheiro civil Vanderley Moacyr John, professor do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Universidade de São Paulo (USP). Segundo ele, a tecnologia de aquecimento solar ainda é limitada e, em alguns casos, pode gerar aumento do consumo de energia elétrica e de água.
John explica que todo sistema de aquecimento solar precisa de um "backup" elétrico ou a gás para aquecer a água na falta de dias ensolarados. Mas os fabricantes não têm investido nos sistemas de controle eletrônico que alteram automaticamente o uso de uma fonte de energia para outra. "Basta a temperatura cair um pouco para o aquecedor elétrico ser acionado", aponta. "Além disso, todo sistema que acumula água quente e que é instalado de forma convencional tende a gerar um desperdício de água", diz o professor da USP. Como a água é aquecida no reservatório, cada vez que alguém abrir a torneira é preciso deixar escoar toda a água fria do encanamento até chegar a aquecida. "Dependendo da distância do acumulador ao ponto de consumo o gasto pode ser grande", completa.
É imprescindível, portanto, o uso de uma bomba que faça circular a água aquecida ininterruptamente pelo encanamento e o dobro de tubulação. Segundo John, há problemas metodológicos para o dimensionamento correto do sistema no caso de prédios verticais. "Corre-se o risco de produzir um sistema que não funcione, sendo necessário continuar o aquecimento usando energia elétrica ou fóssil".
De acordo com o engenheiro eletricista José Ronaldo Kulb, diretor de uma empresa que comercializa aquecedores solares, a tecnologia já está bem difundida no país. Ele concorda que a circulação constante no interior da tubulação seja necessária, mas não vê essa questão como problema: "Uma pequena bomba capta a água aquecida do reservatório e faz girar pelo encanamento, com gasto energético inferior a uma lâmpada de 60W", diz.
O engenheiro mecânico José Tomaz Vieira Pereira, pesquisador do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), também não vê impedimento técnico ao uso do aquecimento solar no Brasil. "A estrutura necessária para o aquecimento solar já existe em hotéis e edifícios que contam com sistema de aquecimento central (tubulações isoladas termicamente e circulação da água)", afirma.
O principal problema, na visão do pesquisador, é a falta de informação. Ele acredita que há muito amadorismo no setor e instalação incorreta do sistema de aquecimento solar, o que deve continuar acontecendo até que a energia elétrica se torne, de fato, um artigo caro.
Fonte: UOL Ciência e Saúde

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