domingo, 3 de fevereiro de 2008

Morte de peixes em açude no Alto Oeste é preocupante

A mortandade de peixes no açude Bonito II, a 12 quilômetros de São Miguel, aguçou a preocupação dos seus moradores quanto ao abastecimento de água daquela cidade serrana do Alto Oeste, com cerca de 22 mil habitantes. Já existia uma certa preocupação porque embora tivesse com 1,49 milhão de metros cúbicos até 27 de dezembro, quando a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) monitorou pela última vez o reservatório, o volume de água correspondia a menos de 14% de sua capacidade de armazenamento de água.
Moradores como Francisco de Assis Queiroz já vinham reclamando da qualidade da água há alguns meses, ao ponto deles recorrerem à compra de água de carros-pipas. “A gente estava comprando a lata a um R$ 1,00, mesmo pagando pela conta d’água à Caern”, disse ele.
Francisco Queiroz afirmou ontem, por telefone, que há meses a água fornecida pela Caern apresentava mau cheiro nas torneiras, o que motivou um abaixo-assinado entregue à Companhia, que, defendeu ele, devia ter suspendido a cobrança de tarifa pelo fornecimento da água. A direção da empresa informou, por intermédio de sua Assessoria de Comunicação, que uma equipe de técnicos foi enviada para examinar a situação de São Miguel, “e que só podia dizer alguma coisa” depois que os técnicos voltassem à gerência regional de Pau dos Ferros e a Natal, com informações mais precisas sobre o que estava ocorrendo em São Miguel.
Ainda assim, a Caern garantiu que a água distribuída em São Miguel “está dentro dos padrões de potabilidade” para consumo humano e doméstico.
Chefe da Unidade de Serviço de Tratamento da Caern, Afonso Holanda de Araújo, disse que as últimas chuvas ocorridas no Alto Oeste levou o açude Bonito II a captar um pouco de água, o que vai melhorar as condições da água fornecida à população micaelense.
Afonso Holanda explicou que realmente a água “entrou muito turva e isso é normal pelo carreamento de material”, o que pode ter causado a mortandade de peixes, ocorrida num ponto isolado, na confluência de um córrego com o açude.
Ele disse ter recebido, preliminarmente, informações promissoras de que o tratamento realizado pelos técnicos da Caern está correspondendo, deixando a água com a cor e turbidez em condições de ser distribuída aos consumidores, embora nesse período de estiagem a empresa não tenha interrompido o abastecimento da cidade em nenhum momento.“A equipe técnica está fazendo coleta de material. Está montando outro sistema de cloração e fazendo uma vistoria geral”, acrescentou Holanda. “De qualquer forma é tranquilizadora a condição da água”, garantiu ele.
A gerente de Qualidade da Caern, Geni Formiga, diz que o nível de potabilidade de água “independe” do seu volume. Ela dá o exemplo da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, no Assu, que está com 73% de sua capacidade, mas em alguns locais “tem problema com água devido à proliferação de algas”.
Segundo ela, “é claro que se tem pouca água, sua qualidade não é muito boa, mas a quantidade de água não quer dizer que ela seja necessariamente boa”. Ela explica que na maioria das vezes se consegue, com as técnicas de tratamento, se chegar aos níveis de potabilidade. No caso da Caern, disse Geni, a empresa informa aos consumidores se a água não é própria para consumo, embora algumas vezes a própria população pede que não se interrompa a sua distribuição para uso em outros fins que não o humano.

Fonte: Tribuna do Norte - 03/02/2008


COMENTÁRIOS (Gustavo Szilagyi)


O que me angustia mais quando leio este tipo de matéria são as desculpas que a CAERN dá para seus consumidores. Parece que eles tem uma cartilha de respostas a serem dadas para certos tipo de perguntas, pois sempre são as mesmas, porém, a solução para a questão da qualidade da água consumida pela população nunca acontece a contento.
As reclamações a cerca da qualidade dos serviços da CAERN partem de todas as regiões do estado, inclusive dos municípios da região metropolitana, que em tese, não tem problemas de falta d'água graças aos aqüíferos dunas/barreiras e a quantidade de rios e lagoas perenes existentes ao longo do litoral, mas que por sua vez já se encontram em níveis de contaminação tão elevados que findam por pôs em questão a qualidade de sua portabilidade.
A grande pergunta que nós fazemos hoje é a seguinte: Será que ainda vale a pena manter a CAERN sobre domínio público, já que o Estado não garante a qualidade dos serviços desta empresa, ou será que teremos que privatizar mais uma empresa pública se quisermos ter um serviço um pouco mais descente?

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