quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Pesquisas constatam redução na camada de ozônio e inverno mais rigoroso na Antártica dos últimos 20 anos

Por tratar-se de um assunto que interessa a todos, abro espaço neste BLOG para divulgar uma matéria publicada no site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais sobre algumas das pesquisas referentes ao aquecimento global, e que estão sendo desenvolvidas na Estação Antártica Comandante Ferraz (Brasil).

Por Gustavo Szilagyi



Pesquisadores brasileiros que estão na Estação Antártica Comandante Ferraz para as atividades científicas do verão 2007/2008 enfrentam o inverno mais rigoroso dos últimos 20 anos. E constataram, mais uma vez, a redução da camada de ozônio. Desde dezembro de 2007, desenvolvem projetos que fazem parte do IV Ano Polar Internacional, como o de estudo do buraco na camada de ozônio e sobre variações climáticas. Apesar de as conclusões finais saírem em 2010, os resultados científicos começam a ser divulgados este ano.
“O Ano Polar está permitindo à comunidade científica participar de uma grande campanha observacional para desenvolver pesquisas nos ambientes Ártico e Antártico, aprofundando o conhecimento quanto à conexão dos pólos com outras latitudes, as mudanças climáticas e sua interação com o meio ambiente da Terra”, afirma a Dra. Neusa Paes Leme, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) que coordena o projeto Atmosfera Antártica e suas conexões com a América do Sul, onde o estudo da camada de ozônio e da radiação ultravioleta é um dos objetivos.
Segundo a pesquisadora, em 2007, a redução da concentração do ozônio na camada foi 15% menor do que em 2006, quando foi registado um novo recorde em tamanho e destruição da camada de ozônio. A concentração do gás CFC (Cloro-Flúor-Carbono), responsável pela destruição do ozônio, ainda é alta e os modelos indicam que a camada só estará normal em 2060, se comparada com a concentração de 1980.
A camada de ozônio é monitorada em Ferraz, no período de agosto a março, desde 2001 e em campanhas especiais em setembro e outubro, desde 1992. No período da ocorrência do buraco de ozônio, a concentração sobre Ferraz é reduzida em torno de 65% e a radiação UV pode aumentar em 500%, atingindo valores de regiões tropicais.
Além da pesquisa sobre a camada de ozônio, o INPE também tem projetos ligados ao estudo da alta, média e baixa atmosfera, meteorologia, aquecimento global, gases do efeito estufa, a radiação ultravioleta, a relação sol-atmosfera (clima espacial), o transporte de poluição e oceanografia.
Os pesquisadores estão elaborando em Ferraz três publicações com dados dos projetos para periódicos científicos. O projeto de meteorologia produziu um documento com informações sobre o clima da região com registros da temperatura de Ferraz desde 1986 e da Baia do Almirantado desde 1949.


Outras atividades

Durante esta temporada foram realizadas outras atividades como instalação da antena GPS, manutenção do sistema de registros meteorológicos da torre de coleta de dados, e a instalação de uma nova web-câmera no módulo do projeto Geoespaço para monitorar simultaneamente a entrada da Baía do Almirantado e arredores da Estação Antártica Comandante Ferraz. As imagens estão disponíveis ao público no site do projeto da Meteorologia: www.cptec.inpe.br/antartica.
Foi testado o robô para levantamento fotográfico e obtenção de imagens de vídeo das formas de vida marinha encontradas no fundo da Baía do Almirantado. Operado de forma remota, o robô, especialmente adaptado para executar missões de exploração nas águas geladas, realizou cinco mergulhos, atingindo 26 metros de profundidade.
Entre o material coletado estão amostras de água do mar para o estudo da estrutura da comunidade do microfitoplâncton em função das variações de maré e amostras de matéria orgânica dos principais tipos de solos da Antártica Marítima. Um dos objetivos é o estudo da introdução de poluentes oriundos de outras áreas do planeta no ecossistema antártico.
Nas pesquisas envolvendo a fauna antártica – região onde se reproduzem cerca de 40 espécies de aves, sendo oito espécies de pingüins e as demais espécies são aves voadoras –, foi realizado o monitoramento do vírus da Influenza Aviaria e o Vírus da Doença de NewCastle em Pingüins da Ilha Rei Jorge, além do estudo das condições ambientais extremas da Antártica, como o frio intenso, que influenciam as características fisiológicas, reprodutivas e comportamentais das espécies que vivem ou se reproduzem neste ambiente.
Segundo os pesquisadores, a primeira fase de atividades de vários projetos teve a rotina alterada em função da total ausência de água no sistema de abastecimento da Estação Ferraz, o que modificou alguns dos objetivos previstos, pois as medições que dependem desse recurso seriam impraticáveis ou corriam o risco de gerarem dados inverídicos em relação ao padrão usual de Ferraz.

Para mais informações, acesse http://www.inpe.br/antartica/

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